30 abril 2011

Síndroma de Jacko: branquear a pele em África

Do Gabão ao Senegal, dos Camarões ao Mali, é uma corrida frenética, é a síndroma de Jacko (Michael Jackson): clarear a pele, ficar branco ou branca especialmente por parte das mulheres, usando produtos perigosos banidos no Ocidente. É uma praga, escreve Lorenzo Cairoli, autor de um trabalho em italiano a conferir aqui. Para traduzir, aqui. Sobre o que fazem as mulheres jamaicanas pobres, leia aqui. O branqueamento da pele já foi abordado neste diário, confira três postagens aqui. Foto reproduzida daqui.
Pergunta aos leitores: alguém sabe se o fenómeno também tem curso no nosso país?
Adenda às 9:45: "Modificar a cor da pele é apenas o aspecto mais visível desse ideário. A ação envolve questões políticas e religiosas mais profundas." - confira sobre o Brasil um trabalho do antropólogo Andreas Hofbauer, aqui.

6 comentários:

Xiluva/SARA disse...

Já vi bisnagas e pó para clarear.

Salvador Langa disse...

Sempre o complexo de inferioridade ao qual nem se presta atenção nem mesmo se tem vergonha.

Anónimo disse...

Dar uma espreitadela neste texto:
http://books.google.com/books?id=qao5gp0KjHoC&pg=PA280&lpg=PA280&dq=perigo+branquear+pele&source=bl&ots=zuQxjDPaLL&sig=LLbIwQ8mzXkEhnz0M37by1JTJIc&hl=pt-PT&ei=CRC8Tey4J8yYhQe7jfHRBQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=9&ved=0CFEQ6AEwCA#v=onepage&q&f=false

Tomás Queface disse...

São vários os factores que conduzem as mulheres, e não só, para esta tomada de atitude. As razões sociais podem ser: a idealização de que o branco é belo. Somos impostos essa ideia a partir de criança, com as famosas bonecas Barbey, as novelas, os concursos de moda etc. As grandes indústrias publicitárias, mesmo aqui em Moçambique, privilegiam as pessoas de pele clara. Os abalos da escravatura sobre os povos negros ainda se faz sentir. Muitas sociedades aprenderam a receber ou a adorar o "claro" e a rejeitar " escuro".A dominância da cultura ocidental nas sociedades africanas é extremamente significante. E também tenho a dizer que não é apenas a pele que as pessoas tentam mudar: a maneira de falar e de vestir (tornar-se gente fina), os aspectos culturais (religião, músicas), etc.

Rafael E disse...

No Japao tambem existem produtos cosmeticos para branquear a pele.

RafaelE

ricardo disse...

Em Moçambique, já vi pessoas a tentarem clarear a pele, por pedigree e outras coisas. Do mesmo modo que vejo muitos brancos do norte da Europa a ir aos trópicos para ficarem morenos. Acabam sim mais escaldados que uma lagosta. E como consequência, o cancro da pele é uma das doenças mais comuns a partir de uma determinada faixa etária daquela população. Desafortunadamente, o que deveria ser um exemplo de sanidade mental publica - o repouso, as férias - transforma-se num problema grave de saúde pública. Estranha forma de vida esta. Por um lado, defende-se que a sanidade mental é a base para uma boa saúde física. Tão logo o ponto de equilíbrio é alcançado, e lá estamos de novo à busca de um novo ponto de apoio, tal como Arquimedes, para compensar os excessos do nosso ideário. Aplica-se a tudo, hoje falamos do clareamento da pele. Mas até poderíamos falar do telemóvel, da gravata, dos ovos de chocolate da Páscoa e até da arvore de Natal nos trópicos!

Michael Jackson foi o mais infeliz exemplo destas práticas snobes (pseudo-culturais) ditadas pela sociedade de consumo em que vivemos, na qual, o rótulo é muito mais importante que o conteúdo.