07 abril 2011

Costa do Marfim: a informação que falta

De um trabalho de Michel Collon com o título em epígrafe: "Quando vemos a televisão francesa, é possível entender o que está a acontecer na Costa do Marfim? "O exército francês protege os nossos compatriotas", dizem-nos. O costume. Mas o que é que não é dito? (...) "intervenção humanitária"? Como em todas as guerras, a questão não respondida é: que interesses estão em jogo? Vamos ver. Todos os sectores do país são dominadas por 240 filiais de empresas francesas: óleo (Total), electricidade (Bouygues), água (também Bouygues), obras públicas (de novo Bouygues, Vinci, Setao, Colas), transporte (Bolloré) recursos naturais (também Bolloré, Castel), telecomunicações (France Telecom) e banca (Générale, Lyonnais, BNP-Paribas). Esses grupos franceses têm 27% do capital social das empresas da Costa do Marfim. Portanto, a França é o principal provedor e cliente no país. A verdadeira missão do exército francês não será a de proteger os grandes benefícios dessas empresas?" Em espanhol, aqui.

4 comentários:

Xiluva disse...

Quantas coisas feias não se escondem por baixo da cara da democracia...

Tomás Queface disse...

É momento de reergemos o nacionalismo africano e lutar de todas as formas contra a colonização física e mental.A invasão a um dos estados de África devia ser sentida por toda ela.

Não podemos olhar passivamente os últimos acontecimentos em África. Isto muito prova a nossa desunião e falta de solidariedade contra nós mesmos. Não podemos aceitar sermos usados como simples marionetas do ocidente. A União Africana e as Nações Unidas não passam de parasitas. O Banco Mundial e a FMI não são mais nada do que ferramentas para estagnar as nossas economias e coloca-nos dependentes dos estados capitalistas. Grande parte dos ditos "intelectuais" estão obcecados pela palavra "democracia". A China mostra que não é a democracia que desnvolve um estado. É sim um conjunto de acções práticas que se constrói uma nação desenvolvida, não querendo dizer que devemos pôr de lado este sistema.

Há muita coisa que precisa ser restruturada.

ricardo disse...

Elementar caro Professor...

Eu supús que fosse explorar mais a génese de Gbagbo e Outarra. Na minha modesta visão, produtos inacabados de uma metamorfose forçada do líder eterno - e fiel depositário de Paris - Houphouët-Boigny. Bem ilustrativo nestas passagens da historia:

"...Houphouët-Boigny delayed as much as he could in officially designating a successor. The president's health became increasingly fragile,with Prime Minister Alassane Ouattara administering the country from 1990 onwards, while the president was hospitalised in France. There was a struggle for power, which ended when Houphouët-Boigny rejected Ouattara in favour of Henri Konan Bédié, the President of the National Assembly. In December 1993..."

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"...Laurent Gbagbo gained recognition as one of the principal instigators of the student demonstrations during the protests against Houphouët-Boigny's government on 9 February 1982, which led to the closing of the universities and other educational institutions. Shortly thereafter, his wife and he formed what would become the Ivorian Popular Front (FPI). Gbagbo went into exile in France later that year, where he promoted the FPI and its political platforms. Although the FPI was ideologically similar to the Unified Socialist Party, the French socialist government tried to ignore Gbagbo's party to please Houphouët-Boigny. After a lengthy appeal process, Gbagbo obtained status as a political refugee in France in 1985.However, the French government attempted to pressure him into returning to Côte d'Ivoire, as Houphouët-Boigny had begun to worry about Gbagbo's developing a network of contacts, and believed "his stirring opponent would be less of a threat in Abidjan than in Paris".
In 1988, Gbagbo returned from exile to Côte d'Ivoire after Houphouët-Boigny implicitly granted him forgiveness by declaring that "the tree did not get angry at the bird". On 28 October 1990, a presidential election was held, which for the first time featured a candidate other than Houphouët-Boigny: Gbagbo. He highlighted the President's age, suggesting that he was too old for a seventh five-year term. Houphouët-Boigny countered by broadcasting television footage of his youth, and he was re-elected to a seventh term with 2,445,365 votes to 548,441..."

Portanto, quer um, quer outro serviriam perfeitamente os interesses de Paris. O diferencial na escolha de Outarra por Paris, surgiu no facto de Gbagbo ter ousado uma aliança com Angola, país que mantém um "mano-a-mano" com a França em muitos palcos da Africa Central e Ocidental. Não esquecendo a Nigéria e o Senegal. Por outro lado, a Costa do Marfim assemelha-se ao caso da Líbia. O dilema do desmantelamento do Estado Paroquial de Boigny.

C´est la Françafrique...

ricardo disse...

Françafrique...

http://www.english.rfi.fr/africa/20100216-50-years-later-francafrique-alive-and-well

Ça ira!