31 dezembro 2011

Kim Jong-il, multidões, desespero e problemas de análise (2)

Segundo número desta série. Tentarei colocar algumas hipóteses e salientar alguns clichés a propósito das reacções populares à morte do presidente norte-coreano Kim Jong-il. Mas antes de o fazer, permitam-me sugerir alguns livros e artigos, de conteúdos e prismas muito distintos: Le Bon, Gustave, Psychologie des foules (=Psicologia das multidões). Paris: Quadrige/PUF, 1963; Tarde, Gabriel, Les lois de l'imitation (=As leis da imitação). Paris: Les empêcheurs de penser en ronde/Seuil, 2011; Halbwachs, Maurice, La mémoire collective (=A memória colectiva). Paris: Albin Michel, 1997; Moscovici, Serge, L'âge des foules (A era das multidões). Bruxelles: Éditions Complexe, 1991; Fishbein, Harold (ed.), Peer prejudice and discrimination (Preconceito e discriminação de outrém). Colorado/Oxford: WestViewsPress, 1996. Sugiro igualmente: um texto de Georg Lukács, aqui; um texto sobre um livro de Barbara Demick intitulado Notingh to envy (=Nada a invejar), aqui.
Nota: confira o seguinte título disseminado por muitos portais: Cenas de desespero no funeral de Kim Jong-il. Imagem reproduzida daqui.
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

Cá estou aguardando a continuidade.

ricardo disse...

Pois é. Já dizia o velho ditado: o que os olhos não vêem, o coração não sente...Nós já passámos por isso no tempo do "senão fosses tú"!

Mas há uma coisa que ainda ninguém falou. A questão da reunificação coreana. Se para o norte, ela é uma questão imana da natureza do próprio regime, para o sul é essencialmente um pesadelo económico, muito por influência do exemplo alemão. Por isso, há quem sugira que a tensão permanente na península coreana serve perfeitamente os interesses dos EUA e de Seoul. Polémico, mas dá que pensar.

Em suma, na minha visão, quando ambos os regimes estiverem seguros relativamente aos receios económicos de ambos, então uma nova página se abrirá na região, certamente adoptando um modelo próximo de "um país, dois sistemas". Só que duvido que isso venha a ser possível enquanto existirem tropas ou bases norte-americanas na península coreana. Quanto à questão militar, hoje em dia ela tornou-se um complemento das políticas económicas. Visto que, a Coreia do Sul e os EUA são muito mais poderosos que Pyongyang, mas nunca a derrotariam militarmente. E Pyongyang sabe que uma invasão do Sul significaria um pretexto para a queda do seu regime, tal como sucedeu com o regime de Saddam Hussein. E seria certamente o fim da amizade chinesa, que não deseja conflitos de larga escala junto da sua tradicionalmente industrializada região da Manchúria.