05 dezembro 2011

Espíritos, doenças e médicos do invisível (8)

Prossigo a série, de acordo com o sumário proposto aqui.
4. Crença na legitimidade dos gestores das forças do invisível. Escrevi no número anterior que a crença nas forças do invisível, designadamente espíritos, remete para os gestores dessas forças. O mundo destes gestores é complexo em seus três momentos: indagação, diagnóstico e processo de cura. Este mundo complexo envolve também as forças do visível.
O distúrbio que ocorre é colectivo no sentido de que envolve várias pessoas, envolve famílias, pode mesmo envolver comunidades. Alguém numa comunidade é portador (a) de um malefício que importa domar, malefício que pode ser um espírito rancoroso ou indisposto, malefício que pode ser provocado por uma acto à distância de um feiticeiro. Importa, então, erradicar o mal e, se possível, blindar o ambiente. Os curandeiros - médicos tradicionais na terminologia oficial - são os gestores das forças do invisível.
Com a vossa permissão, prossigo mais tarde. Foto reproduzida daqui.
(continua)
Adenda: "Para se ter uma ideia, na África do Sul, enquanto há um médico para cada 20 mil habitantes, existe um curandeiro para cada 500 pessoas." Aqui.
Adenda 2: um trabalho do antropólogo Paulo Granjo intitulado "Saúde e doença em Moçambique", aqui.
Adenda 3 às 6:52: a história que dá origem a esta série (atribuição de um marido-espírito a uma jovem de 15 anos) está melhor contada no portal da Rádio Moçambique, aqui.

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Basta ver quantas zangas e invejas há nas famílias por causa da feitiçaria e daquilo que dizem os curandeiros.

TaCuba disse...

"Curam" o quê?

BMatsombe disse...

http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/africa/Pais-crencas-curandeiros-homens-lagarto,b877b91c-7794-45ca-bcd6-7df180a1a905.html