O décimo terceiro número desta série. Prossigo no quarto ponto do sumário proposto, a saber:
4. Abstenção, fantasma de 1998 e presença dos ausentes. Vou, agora, considerar o segundo possível factor. O “factor trabalha e sobrevive por ti” quer dizer que uma parte significativa das pessoas vive densamente a informalização da vida em seus bairros pobres, em suas barracas, em seus negócios ambulantes, em seus dumbas. A informalização da vida a todos os níveis em Moçambique surge como um processo simultaneamente de efeito da exclusão social e de resposta a ela, é um processo de emancipação popular dos quadros institucionais, jurídicos e normativos formalmente legítimos do Estado, é um amortecedor da exclusão, é, afinal, o “ópio do povo”. Neste sentido, poder-se-ia, metaforizando Marx, dizer que a informalização da vida é, por um lado, a expressão da angústia real e, por outro, um protesto contra essa angústia.
(continua)
Adenda às 10:23: uma versão completa do texto desta série ocupa as centrais (pp 16/17) do semanário "Savana" de 16/12/2011, com o título "Eleições 2011: proposta de análise com incidência em Quelimane".
1 comentário:
Excelente.
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