28 setembro 2011

Sobre a qualidade do ensino em Moçambique (12)

"Eu mesmo tenho frequentemente lembrado que, se existe uma verdade, é que a verdade é um lugar de lutas." (Pierre Bourdieu)
Avanço na série, mantendo-me no segundo ponto do sumário proposto, rigorosamente apenas lançando ideias e hipóteses que carecem de pesquisa.
2. Qualidade e ensino: o problema das definições Escrevi no número anterior que, seja qual for o nível de ensino que consideremos (primário, secundário, técnico-profissional ou universitário), a primeira preocupação de qualquer Estado (e, especialmente, dos Estados que se confundem com os partidos políticos hegemónicos) é de natureza eminentemente política. Em que sentido? Na actualidade, num triplo sentido: (1) servir objectivos nacionais e constitucionais, (2) servir a hegemonia dos grupos dirigentes e (3) servir os interesses do Capital e do mercado.
Prossigo mais tarde. Crédito da imagem aqui.
(continua)

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Nas análises correntes os aspectos técnicos são os únicos considerados.

ricardo disse...

Efectivamente...mas onde e que assim nao e?!

BMatsombe disse...

É mesmo, "onde é que isso não é é" uma folgada maneira de querer esconder "o que é".

ricardo disse...

Se Mocambique fosse uma teocracia como o Irao, estariamos a defender analises tecnicas. Hoje, nao tendo mais teocratas do Marxismo a moldar ideologicamente a nossa sociedade como nos anos 70-80, talvez alguns idealistas "naive" achem que faca falta o antidoto de alguma ideologia Machelista em seu lugar, a pretexto da recuperacao de uma consciencia patriotica que se foi esvaindo desde 1986. Enfim, eis-nos sempre a colocar a tonica no sexo dos anjos, quando o que se espera e que se faca alguma coisa concreta. Sinceramente ha muitos teoricos agarrados as catedras, uns por comodismo, outros por vaidade, num momento em que precisamos de pessoas mais pragmaticas e objectivas na Academia e nao de vozes ressonantes dos parasitarios "intelectuais do governo". E sinceramente, nao perderiamos mesmo nada se nos abstivessemos de equacionar o eterno problema da colagem dos rotulos, ao inves de problematizar os conteudos, que afinal sao as propostas de trabalho. Indignam-se aqui, algumas vozes assustadas com o virus neo-liberal de Bolonha que infectou o nosso Ensino. Pois claro, mas em que mundo e que vivemos hoje? No Mundo de Sofia e que nao. Porque, mesmo com a radiografia politica Machelista que nos tem sido dado a conhecer neste blogue, no início do nosso socialismo existiram as dificuldades de crescimento. Mas depois, sobreveio o crescimento das dificuldades que ate hoje prevalece com numeros solidos, mesmo com bolchevismo morto e enterrado ha mais de 20 anos. Porque afinal, sao os mesmos actores e ideologia que permanecem agarrados aos seus dogmas, enquanto ofuscam o seu propositadamente desinformado eleitorado com os novos vernizes do Capital e quando eles finalmente estalam, a sua verdadeira face reaparece.

E isso, e uma evidencia que nao se esconde de ninguem. Nem com o perfume das palavras...