Sexto número da série.
Prossigo o ponto do número anterior sobre o antisexismo. O antisexismo exige a paridade nas definições e nas possibilidades de vida, carreira e respeito. Decisão: os géneros devem ser iguais. Mas a questão central consiste em mudar uma certa forma tradicional de pensar sem mudar a estrutura das relações sociais que produzem e reproduzem a dicotomia desfavorável a um determinado género e, portanto, as formas tradicionais de pensar. Queremos que as mulheres sejam iguais aos homens, dotando-as, por exemplo, de quinhões paritários de poder (cargos, ministérios, direcções, etc). Distribuímos quinhões de poder sem mexer na estrutura social e nas relações básicas de poder que geram e mantêem a dualidade, não falo da dualidade biológica, mas da dualidade social. Convencemo-nos de que as representações sociais podem mudar sem que mude a matriz do modo de produção e de reprodução da vida. É o espírito das acções-aspirina, como diria o pedagogo brasileiro Paulo Freire: a ilusão de transformar o coração dos homens e das mulheres mantendo intactas as estruturas sociais nas quais o coração não pode ter saúde.
Termino o ponto mais tarde com uma formulação da lógica do raciocínio dicotómico. Imagem reproduzida daqui.
(continua)
3 comentários:
Não se nasce mulher, torna-se mulher - Simone de Beauvoir
Completamente verdade!!!!!!!!
Interessante que certas mulheres reivindicam igualdade mas para serem iguais aspiram a ser como os homens, terem as coisas que eles tem, os lugares que eles tem, enquanto ignora por completo o valos das mulheres e do que elas fazem. Assim, sem o perceberem essas mulheres reforçam exactamente o que pretendem combater: a visão segundo a qual os homens e as posições que eles ocupam são as mais importantes e ao mesmo tempo que as mulheres e as posições que ocupam são irrelevantes.
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