16 março 2011

O pedido do Professor Cavaco Silva

Segundo o "Público", eis um pedido do presidente da República portuguesa, Professor Cavaco Silva: “Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar."
Comentário: em seu nome e em nome do seu povo, o presidente Cavaco Silva tem direito a fazer o uso que julgar apropriado da história e deve ser respeitado por isso. Mas não tem o direito de se esquecer de que, neste mundo transfronteiriço, fala para outros povos falantes da mesma bela língua - a portuguesa - , que podem ficar, com absoluta razão, muitos tristes com semelhante uso do passado no preciso momento em que Portugal trabalha, com determinação, para um mundo lusófono harmoniosamente integrado. A história pode repetir-se (Marx escreveu que se repete mesmo) duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como comédia.
Adenda às 10:52: o AT enviou-me a referência do "Público" digital de hoje, a conferir aqui.

15 comentários:

V. Dias disse...

O professor Cavaco Silva, um indivíduo prudente e culto, se calhar por causa da crise no seu país, ultimamente anda a "encalhar-se" nos seus discursos.

Ainda ontem, em entrevista à SIC, José Sócrates, fez uma chamada de atenção ao professor Cavaco, que o discurso de um presidente deve estar acima de qualquer suspeita e não deve, sobretudo, deixar dúvidas em relação a coerência do mesmo.

De facto, anda meio tonto o professor Cavaco Silva. Ele de resto não tem tido bons conselheiros e há quem diga, como o meu amigo e engenheiro J. C. Lima, "Cavaco é timido e não foi feito para política. As palavras que diz é de um homem forçado a dizer aquilo que não quer. E mais, amigo V. Dias, quase todos os ex-ministros de Cavaco Silva estão a ser vítimas de processos judiciais (...), isto prova que é um péssimo político".

Verdade ou não o tempo dirá. Eu limito-me a terminar com a minha habitual frase:

Zicomo

Abdul Karim disse...

Estas a ver, Viriato ?

Percebes agora porque nao "vou muito", com os "porreiros Socrates e Cavaco" e nem mesmo com o "Artista Barroso" ?

"Traduzindo" 'a Mocambicana, ele esta dizer que "os Jovens dele", deviam ter a mesma forca que tiveram, quando andaram 'a "porrada" com os "nossos Jovens de ontem", e grandes amigos dele da actualidade,

Hehehe,

Gostaste dessa "saida" dele ?

ricardo disse...

E normal. Ele tambem foi jovem e participou na guerra de Africa.

Ninguem resiste a um auto-elogio...

Rogério G.V. Pereira disse...

Meu caro. Nem todos pensam assim, pensam até o contrário

Tomas Queface disse...

Confesso que tambem fiquei confuso com o discurso do Cavaco. O que eles estavam a fazer aqui era uma barbaridade, exploracao e marginalizacao dos povos dos Palop e hoje ele congratula aqueles que estiveram por detras destes actos!!!

Salvador Langa disse...

Justificar o passado, foi o que o Presidente fez. E de forma clara.

AGRY disse...

Cavaco integra a direita mais salazarenta do país! Hibernou em 24 de Abril de 1974.Não pode ser levado a sério, é o campeão do disparate. Sugiro a leitura de Paulo Granjo, a propósito
http://antropocoiso.blogspot.com/2011/03/o-nojo.html

(Paulo Granjo) disse...

Tenho dificuldade em comentar de forma mais leve do que fiz em http://antropocoiso.blogspot.com/2011/03/o-nojo.html

ricardo disse...

Das vezes em que temos ouvido discursos similares vindos dos PALOP, quando e que foram feitas criticas tao severas em Lisboa? Por exemplo, neste blog, dos milhares de discursos de Samora, Chissano e ate Guebuza de 1975 para ca, referindo-se aos portugueses no geral como gente da pior especie, quem e que se opos na ex-Metrople?

Declaracoes inflamadas que hoje constituem o humus do chamado patriotismo e auto-estima mocambicanos.

A genuidade dos tratados de Paz e capacidade dos ex-beligerantes saberem fazer a catarse do que sucedeu no campo de batalha e transformarem isso em amizade eterna. Eu poderia esperar tudo de intelectuais, mas nao cultivar a intolerancia pelos pontos de vista alheios. Conceber que os portugueses, por um lapso historico de 500 anos, deverao adoptar o sistema da RDA em materia de memoria historica, e caricato. E ate escandaloso, quando sao os proprios portugueses a defenderem isto. Haja decoro. Sim, por a guerra colonial, nao subjaz apenas nos ultimos 50 anos. Toda a colonizacao portuguesa foi caracterizada por guerras contra o locais. Mas que povo do MUNDO nunca as fez? Incluindo os proprios locais? Ou teria sido a sua construcao social feitas de consensos divinos? Felizmente, os militares profissionais nao sao normalmente politicos. Pois se assim fosse, as guerras nunca teriam acabado no mundo.

Se 35 anos depois um dos contendores for incapaz de aceitar os diferentes pontos de vista da contraparte, entao, na realidade a guerra colonial nunca terminou em Africa. E se assim for, entao, alem de justo, o discurso de Cavaco foi oportuno pois permite que assim caia de vez a mascara da suposta Lusofonia, da qual, Mocambique tambem faz parte...

Percebe-se agora porque.

Xiluva disse...

A historia sempre tem memória.

Anónimo disse...

Perdoem-me a frontalidade, mas de duas uma: ou há aqui "branco" que desejava querer ser "preto" para parecer mais "africano"; ou, claramente, há falta de inteligência para entender o que quis dizer Cavaco, apesar de lhe faltar muita, mas muita coisa...
Pergunte-se a todos os verdadeiros militares, de todos os lados, se não defenderiam a sua Pátria?

ricardo disse...

Por vezes, fico com a sensacao que em Portugal, quem governa e efectivamente Cavaco Silva. Com um pais na bancarrota. Um primeiro-ministro mandarete, as ordens de Berlim. Uma assembleia da republica que nao se identifica com o povo, ainda ha quem pegue no que Cavaco diz para desviar as atencoes do essencial. E o essencial e compreender que o PRECO da democracia que permite os portugueses usufruirem de liberdade de expressao esta agora nas maos dos especuladores de Bruxelas e Bretton Woods. E ate nisso, tambem, CAVACO, e para os seus detractores, o culpado. E porque? Porque tentou modernizar Portugal enquanto primeiro-ministro usando fundos da CEE e habituando mal os portugueses ao consumismo snob - tal como Salazar, quando se referia ao vinho e as familias numerosas para povoar Portugal e colonias, nao e? "Imperdoavel para um economista!!!"." Nao percebe patavina de politica...". Entao quem e que percebe? Aqueles que condenavam o MPLA e iam buscar diamantes a Jamba? Ou aqueles que colaboravam com as FP-25? Ou aqueles que usaram o dinheiro dos portugueses depositado no Consulado de Portugal sem o seu consentimento para injectar nas ex-colonias, sem lhes pagarem juros alguns? E a lista de queixas nao acaba por ai.

Esses senhores anti-fascistas, anti-militaristas e pacifistas, quem deles e que ja fez o servico militar? Perguntem ao Capitao de Abril, Otelo de Saraiva de Carvalho e outros incondicionais militares de esquerda, se a geracao deles nao foi determinada na defesa daquilo que lhos obrigaram a fazer. Atrevam-se mesmo a dizer que foram uns ingenuos e que deveriam e ter fugido para o Senegal ou Guine-Conackry...Ora essa.

Na RDA, enquanto durou a presenca sovietica, foi instituida pelo regime uma lei do silencio proibindo referencias a Wehrmarcht e enaltecendo a vitoria do exercito sovietico sobre o alemao em 1945. Segundo se dizia, para erradicar o militarismo da mente do Povo Alemao. Na RFA, foi proibida a referencia a herois de guerra da Wehrmarcht, como Rudel, Guderian e ate Rommel, tambem, foi enaltecido a amizade americana e britanica (Ich bin ein berliner, que nao se lembra disto?) E por ai. Em contraste, Zhukov e Krustchev, que foram dois herois da Uniao Sovietica no periodo de Stalin e com ele participaram em matancas de muitos povos inocentes, repousam ainda no panteao dos herois. Putin, recuperou o hino sovietico da era stalinista e oficializou-o na nova Russia. Serao os russos mentecaptos TAMBEM?

Conclusao, hoje, a ex-RDA e o maior viveiro dos neo-nazis. E a Bunsdeswehr de doutrina NATO, uma das forcas militares mais racistas do mundo. Ate a pouco tempo, nao havia um unico negro no exercito alemao (http://www.dw-world.de/dw/article/0,,2443389,00.html)

E esta solucao de minerva que se pretende em Portugal? Meter na gaveta, ocultar realidades, oprimir opinioes que nos desagradam? Mas isso nao e totalitarismo mediatico?

Uma coisa e dizer-se que nao se gosta de se fazer algo. Outra coisa e ter que fazer algo, mesmo que a vontade nos contrarie a alma, porque nada mais nos resta para sobreviver. Alias esse e o nosso dia-a-dia.

Essa e que e essa.

Carlos Serra disse...

Publico o arroubo do anónimo da frontalidade apenas para se ver a inteligência do anonimato.

Anónimo disse...

Cavaco Silva: o bom aluno do Estado Novo

http://aeiou.expresso.pt/cavaco-silva-o-bom-aluno-do-estado-novo=f637876

ricardo disse...

Nao vejo inteligencia nenhuma no cometario do anonimato, a menos que o douto Professor aprecie ser insultado por causa da cor de pele...

Mesmo porque, deixei claro, eu concordo com o que Cavaco disse, ainda que isso desagrade muita gente de Esquerda.