É nas cidades do país onde tem curso um permanente exercício de violência catárquica, onde gerações de modestos big men fazem diariamente o ritual da prova de força e da rixa corsária, onde a virulência dos protestos sociais e da crítica política é, simultaneamente, aguda nas palavras, nos gestos, na dança, no canto, nos provérbios urbanos e no chiste e amortecida pelo universo da informalidade (a qual afinal, é exemplarmente formal) e das redes de solidariedade, é nas cidades onde jovens adolescentes transformam os corpos em micro-empresas de aluguer de sexo pondo em causa o império dos homens atentos à tradição e à masculinocracia decisional, onde, como nas barracas e nos dumba nengues, actores das periferias se cruzam com actores do centro, aqueles sobrevivendo, estes acumulando.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Sobretudo à noite. Processos afinal de "compensação".
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