09 abril 2014

É nas cidades

É nas cidades do país onde tem curso um permanente exercício de violência catárquica, onde gerações de modestos big men fazem diariamente o ritual da prova de força e da rixa corsária, onde a virulência dos protestos sociais e da crítica política é, simultaneamente, aguda nas palavras, nos gestos, na dança, no canto, nos provérbios urbanos e no chiste e amortecida pelo universo da informalidade (a qual afinal, é exemplarmente formal) e das redes de solidariedade, é nas cidades onde jovens adolescentes transformam os corpos em micro-empresas de aluguer de sexo pondo em causa o império dos homens atentos à tradição e à masculinocracia decisional, onde, como nas barracas e nos dumba nengues, actores das periferias se cruzam com actores do centro, aqueles sobrevivendo, estes acumulando.

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Sobretudo à noite. Processos afinal de "compensação".