05 abril 2014

Eus pluralizados

É nas cidades do país onde os actores da alteridade têm um pé nos curandeiros e outro nas consultas de preços acessíveis dos hospitais e centros de saúde estatais, onde bebem cerveja em lata mas também, por exemplo, otheka, sura ou vinho de caju, onde frequentam as instâncias alternativas de justiça mas igualmente a polícia, onde conhecem as instâncias formais da justiça mas preferem a privatização da justiça popular através dos linchamentos, onde vão cada vez mais às muitas igrejas que surgem todos os anos, onde praticam o xitique, dançam xigubo, passada, soul music, rap e afro-beat, consomem drogas, onde assumem, enfim, múltiplas identidades, inúmeros entre-dois, inúmeros eus pluralizados.

1 comentário:

nachingweya disse...

Enfim, a arquitectura do que não tem fundações , de quem não tem chão , uma espécie de cidadão cultivado em estufa alimentado por raízes geneticamente alteradas.
Que futuro se espera de um presente assim?