É nas cidades do país onde os actores da alteridade têm um pé nos curandeiros e outro nas consultas de preços acessíveis dos hospitais e centros de saúde estatais, onde bebem cerveja em lata mas também, por exemplo, otheka, sura ou vinho de caju, onde frequentam as instâncias alternativas de justiça mas igualmente a polícia, onde conhecem as instâncias formais da justiça mas preferem a privatização da justiça popular através dos linchamentos, onde vão cada vez mais às muitas igrejas que surgem todos os anos, onde praticam o xitique, dançam xigubo, passada, soul music, rap e afro-beat, consomem drogas, onde assumem, enfim, múltiplas identidades, inúmeros entre-dois, inúmeros eus pluralizados.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Enfim, a arquitectura do que não tem fundações , de quem não tem chão , uma espécie de cidadão cultivado em estufa alimentado por raízes geneticamente alteradas.
Que futuro se espera de um presente assim?
Enviar um comentário