A resistência, banal fenómeno que é teoricamente possível fazer sair da família mecânica newtoniana da força e da contra-força, é uma parte imanente da relação política, digamos que a sua mão invisível, mas persistente. Lá onde tem curso uma relação política, existe uma resistência, um inconformismo, uma aspiração geral ao não obedecer e, quero crer que em simultâneo, um desejo específico de um Estado mais redistribuidor. Intransitividade da liberdade, diria Foucault. Porque, para dizer as coisas à Maquiavel, importa ter sempre em conta os dois "humores opostos": se nenhum povo gosta de ser comandado nem oprimido, muitos príncipes, se não todos, gostam justamente de comandar e de oprimir os povos. Portanto, a relação política reveste a real face de um Jano ou, se preferirdes, é a tradução fiel de uma espécie de complexo de Antígona, a saber: se somos moralmente obrigados a obedecer, não somos menos obrigados a desobedecer quando a nossa consciência a isso nos obriga. Por outras palavras, há em todos nós um fundo libertário hobbesiano sempre pronto à acção.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Ora aqui está, textos que políticos não gostam. "É ou não é?"
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