03 maio 2011

Poder e representação: teatrocracia em Moçambique (11)

O décimo primeiro número da série, que no seu título usa um termo de Georges Balandier, teatrocracia.
Termino o ponto cinco do sumário que vos propus, refiro-me ao poder pela heroicidade.
A questão central neste ponto não reside na produção de heróis em si, mas no seu monopólio. Monopolizar a produção nacional de heróis costuma ser uma das características dos países nos quais a gestão estatal é inseparável da gestão política. O monopólio na definição e na produção de heróis é um importante trunfo político, dotando formalmente de características gerais, universais, nacionais, aqueles que são definidos no interior de um grupo político hegemónico como obreiros de feitos excepcionais, como possuindo qualidades sobre-humanas. Produzidos os heróis, eles são, então, motivo de celebração periódica, alimentando vários tipos de poderes conexos e, especialmente, o poder comemoracional-cerimonial.
Imagem: el poder, quadro do pintor e ceramista argentino Raúl Pietranera).
(continua)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Sempre atento a esta série Professor.