Segundo o "O País", o Banco de Moçambique decidiu subir a taxa de juro e ajustar o coeficiente de reserva obrigatória, o que - cito - "vai forçar os bancos comerciais e outras instituições financeiras “a reformularem a sua carteira de crédito, aumentando o preço do dinheiro ao cliente”, garantiu uma fonte bem colocada na banca comercial. A mão do banco regulador no mercado vai reflectir-se no agravamento da dívida das empresas e cidadãos com compromisso com a banca, elevando, consequentemente, o custo de vida."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
5 comentários:
O BM cumpre seu papel de ilusionista financeiro. Fazendo discretamente, aquilo que o Governo "desconseguiu" fazer no dia 1.
E assim sera. Nao sei porque e que ainda se perde tempo a pensar nestas coisas...
Ja enjoam!
Entao estao a ir ao contrario do queriam,
Queriam baixar e estao subir,
'e rir ou pra chorar ?
Recordo o discurso de Samora Machel quando passou pela Beira a 14 de JUN de 1975...
“Vão tentar nascer aqui em Moçambique capitalistas pretos – a chamada burguesia nacional. Aqueles que tem têm vocação capitalista, agora com a chegada da independência, estão a deitar barba agora, não é? (aplausos) Ganância de fazer ressuscitar o Colégio Luís Camões – «Luís Camões. Agora que foi…que faliu o dono, vou ser eu. Como sou preto vão tolerar explorando outros pretos!». (Aplausos) É que no sistema capitalista, o médico quando estuda é para explorar. O médico, o médico não quer fazer outra coisa que se não fazer votos para que haja doentes. Havendo muitos doentes, terá mais dinheiro. (Ouviram?) (Ouviram) Agora, o conhecimento é um instrumento explorador no sistema capitalista.
O conhecimento do indivíduo – estudou um poucozinho ou licenciou-se. Bem, tem o seu diplomazito, pronto, está pronto, está autorizado a explorar. Faz lá…segui as…seguiu lá…Letras. É senhor doutor, chegou aqui, senhor doutor, doutor de explorar. Ouviram? Ouviram? (Ouvimos!) Não é doutor para ensinar o povo. Doutor aonde também, com um conhecimento bastante reduzido, pequenito, fraco, débil, que necessita de outros, do apoio de outros. Ele não produz senão uma repetição daquilo que foi inculcado pelo capitalismo. É uma repetição. Não cria absolutamente nada, porque está isolado do povo. Está isolado da prática.
A primeira ganância, primeira ganância, criar colégios. Quem vai a esses colégios? É o povo? Quem vai lá? Quem vai lá? A escola deixa de ser a base para o povo tomar o poder. É ou não é? – (“É!”) Passa a ser um instrumento de exploração: É ou não é? – “É!” Não queremos em Moçambique. Não queremos isso em Moçambique. Não há lugar para exploradores aqui. Preto ou branco não pode explorar o povo. O dever de cada um de nós – dar tudo ao povo, sermos últimos quando se trata de benefícios, primeiro quando se trata de sacrifícios. Isso é servir o povo. Servir o povo. Os nossos conhecimentos devem morrer na terra. Os nossos conhecimentos devem ser examinados constantemente pelo povo. Ouviram, camaradas? (Ouvimos!) Ouviram? (Ouvimos!...)
Alguns já estão a organizar para comprar dez tractores. Já exploraram a zona onde vão produzir. Não é assim? Não há produção individual em Moçambique. Produção colectiva, para colectivamente matarmos a fome, matarmos a miséria no nosso país. Ouviram? (Ouvimos!) Ouviram? (Ouvimos!)
Porque esses individualistas são, ao mesmo tempo, instrumentos do imperialismo – não são, eles? Onde vão encontrar o dinheiro? Vocês todos são pobres aqui. Pobres todos aqui, todos. Daqui a três anos nos vamos ver alguns levantar edifícios de quinze andares. Onde arranjou o dinheiro? Onde arranjou o dinheiro? Heim? Não é, vocês ai! Vocês ai! Aí! E nós aqui também! E nós também aqui. Estou a dizer vocês e nós também. Se eu levantar um prédio, façam o favor de me perguntarem!... Ouviram? Perguntar, «então, Camarada Samora, aonde arranjou dinheiro? Três anos? (Risos, aplausos) Três anos de independência! Camarada Samora, então onde está o povo agora? O povo também já tem prédios?» Estão a ouvir? (Estamos!...)
Temos de combater contra os exploradores do povo, e se pudermos, liquidar ainda no estado embrionário, matar o pintainho no ovo, heim? (dificuldades de tradução provocam comentários e risos na audiência)"
Azar, caro Samora. Um crocodilo nasceu em tua casa!
Pois é, mas o discurso de Samora na parte final da sua vida, era bem diferente.
Foi ele quem abriu as portas à adesão ao FMI e WB, porque, efectivamente, não havia outra alternativa.
Foi ele quem no último Congresso que presidiu deu luz verde aos militantes para olharem para o bem estar na base do poder económico e não do poder político.
Os discursos como as acções têm de ser vistos na conjuntura em que são feitos.
Samora é passado, história. Concentremos energias em encontrar soluções adequadas ao presente, sem saudosismos.
O BM não tem outro remédio senão tentar "enxugar" a liquidez que tem vindo a injectar no mercado, vendendo divisas, que são a poupanças que os outros nos facultam, pois, todos sabemos que não produzimos sequer para comer: comemos a crédito na expectativa que o credor de vez em quando nos perdoe a dívida.
Falta-nos fundamentalmente, competência e disponibilidade para sujarmos as mãos na machamba ou na fábrica. Estamos cheios de cientistas e teóricos, do asfalto.
Claro que estamos. Incluindo dos consequentes blogueiros anonimos tambem que fazem parte do mesmo grupo. So que saudosista de Samora, ha muitos, conforme as conveniencias. Como se ve na vespera de um congresso ou pleito eleitoral. Ai sim, vale a pena falar dele. E ate carregar uma chama para alumiar o futuro melhor, sempre adiado.
Porque historia e contada segundo as conveniencias do poder...
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