02 setembro 2010

Quatro pontos sobre as manifestações (1)

Entre outros e por agora, gostaria de abordar os seguintes quatro pontos a propósito das manifestações de ontem (recorde aqui e aqui):
1. Poder mobilizador dos celulares e dos sms 
2. Dessocialização e criminalização dos manifestantes
3. Outorga das manifestações a desígnios obscuros e externos
4. Concepção do anormal e da crise como coisas imediatas e não em processo
(continua)

7 comentários:

ricardo disse...

Pois e, Professor...

"...4. Concepção do anormal e da crise como coisas imediatas e não em processo..."

Aqui neste blog, falamos exaustivamente da questao da TERRA donde vem o trigo que faz o pao. Chegamos inclusive a comentar duas coisas em particular:

a) Que Mocambique abriu as portas para um Portucell, Procana, etc. ou seja, abriu seus terrenos produtivos que nunca foram devidamente cultivados, a monocultura de rendimento para bio-combustiveis e pasta de papel. Que alem de serem lesivos para a seguranca alimentar, tambem sao poluentes. Numa palavra, causadores da diminuicao da producao de alimentos que hoje, o alto magistrado da Nacao, diz ser necessidade inadiavel para o combate a Pobreza;

b) Que Mocambique, como metade do pais a morrer a fome, e toda a zona sul a viver a custa da RSA, vai alugar largas extensoes de terras araveis a China, Mauricias e outros produzirem alimentos para sua seguranca alimentar e nao para a nossa. Que se a quizermos usufruir, sera comprada a preco de mercado.

Atendo-nos nestes dois pontos apenas, nos podemos pesar a palavras e as intencoes do nosso PR ontem ao dirigir-se a Nacao. Do seu sequito, nao falo. Sao meras caixas de ressonancia.

Eu nunca considerei o nosso PR de Analfabeto Politico. Por isso, estou certo, que ELE estava plenamente consciente do pretendia alcancar quando avalizou os dois acordos supra-citados. E todos nos podemos agora percebe-lo tambem!

Para terminar, penso que e altura deste Governo se retratar e auto-purificar-se. Quem quizer ser empresario nao pode ser governante simultaneamente. E incompativel com a etica governativa, alem de ser um mau exemplo para todos os Mocambicanos.

E isto nao e um pedido, e uma exigencia!

V. Dias disse...

O quarto ponto (último) é o mais importante. Faz-me lembrar o discurso do professor Mataruca. Tudo tem um processo. Nada surge do nada. Até os casamentos.

Zicomo

PS: No ponto 1: o poder dos celulares e dos sms. Boa pergunta. Alguém parou para pensar? O poder das TICs? Nada melhor para comentar esta questão que convidar a Dra. Polly Gaster, especialista desta matéria, ou o Dr. Luís Neves.

Unknown disse...

bom dia,

qual é o papel da Sociedade Civil perante esta situação?

ricardo disse...

A sociedade civil somos NOS. Estamos a fazer o nosso papel PENSANDO E PROPONDO SAIDAS neste blog. Nao o fazemos na rua, nem na TV, porque ou levamos um tiro, ou obrigam-nos a ler textos pre-elaborados. Mas ainda assim, temos a esperanca que os que nos fazem isso sistematicamente, saibam pelo menos ler, escrever e aceder a http://oficinadesociologia.blogspot.com.

Porque afinal, nao somos NOS, mas sim o Governo que foi eleito pelo Povo quem esta a ser julgado. E e ele quem deve apresentar solucoes e nao problemas!

Disse

ricardo disse...

E ja agora, Professor...

Sobre este ponto em particular:

"...1. Poder mobilizador dos celulares e dos sms..."

Faz algum tempo que o Ministerio da Ciencia e Tecnologia e a VODACOM estao a tentar criar uma LEI para regular o uso do telemovel em Mocambique. Positivo, mas suspeito que a partir do dia 01 de Setembro se venha a converter num execrando decreto de Censura!

Por isso, sigam o exemplo Espanhol. Com SMS caiu Aznar, que mentira descaradamente. E com SMS se elegeu outro mentiroso, que nao e descarado.

Mas ninguem criou uma LEI para regular manifestacoes por SMS...

Disse

P.S.

Porque e que NINGUEM quer falar da contribuicao do MBS na situacao actual?

Domingos Macucule disse...

Senhor Professor, com a sua permissão:
O poder mobilizador nas áreas e sectores ditos informais é um recurso a capitalizar. Há meses andaram sms´s e emails e mobilizar os "automobilistas " para uma manifestação em virtude, de algo que agora não me recordo mas que afectava só aqueles que são proprietários de pelo menos 1 viatura, (se calhar é esta a classe média nacional) Mas tal mobilização não surtiu efeito, interpretação: esta classe tem os hábitos da pós modernidade, tem rotinas de vida totalmente flexiveis e o nivel de relacionamento entre eles é instantâneo e efémero.(redes sociais frágeis - individualismo e egoísmo)

Enquanto os que hoje se manifestão, vivem em redes sociais muito estáveis e coesas com uma forte capacidade de mobilização e solidariedade, encontram-se diariamente comem a mesma coisa e no mesmo espaço, o seu discurso é comum e é pouco influenciado pelo mundo este discurso funda-se nos valores do seu quotediano.

Este sector informal constitui mais de 60% em muitas cidades do mundo em desenvovlvimento, certamente que Moçambique não foge a regra, e tambem 44% do PIB de muitas cidades vem deste sector. E tende a acredita-se que a compreensão deste sector e a integração das suas estruturas no funcionalismo público ou seja na cidade formal é um imperativo para o desenvolvimento sustentável.

Cabe a nós também capitalizarmos estas estruturas para a promoção de uma democracia participativa e promoção da cidadania sustentável.

Phu Nkarringane unga Lori Ntxhumo

Abdul Karim disse...

Hicar,

Grande questao,