10 setembro 2010

Produção de diálogo

Duas coisas têm estado a acontecer: (1) uma enorme solictação à "população" para se portar convenientemente, para se portar racionalmente e (2) uma enorme coleção de medidas destinadas a produzir coisa úteis e a reduzir o impacto dos preços. Estamos convencidos de que é com súplicas moralizadoras que essa entidade zoologicamente tratada (a população, uma colecção de gente sem rosto, sociogeneticamente igual) adoptará uma postura bem-comportada; estamos também convencidos de que a produção de coisas e de preços é o único tipo de produção admissível.
Ora, além de termos de aprender que as pessoas vivem em relações sociais nas quais o conflito habita permanentemente em torno da distribuição de recursos de vida e poder e que, portanto, o conflito é menos intenso e frequente lá onde, em meio a um Estado social, existe uma distribuição permanente e justa desses recursos; além disso, escrevia, teremos de aprender a dialogar realmente, não a produzir autismo verticalizado a cargo de deuses distantes e arrogantes, temos de aprender a investir cada vez mais na produção de relações sociais diferentes e na produção de diálogo horizontal, a todos os níveis, temos de aprender a criar não comissários políticos, mas comissários do diálogo permanente, daquele diálogo genuíno que se processa por troca, naquele diálogo no qual as pessoas possam exprimir livremente os seus pontos de vista e não serem perseguidas por fazer isso. Coisas que exigem uma permanente atenção e um grande esforço da chamada e abúlica sociedade civil.

2 comentários:

vasco muchanga disse...

"A producao do dialogo"

Fiquei interessado pelos discuros que ocorreram durante e após as ultimas manifestacoes populares do povo Mocambicano de 1/3 de Setembro e achei que seria oportuno e podia aprender mais ao partilhar com os leitores do Blog de Prof. Dr. carlos Serra.

Permitam-me reflectir sobre a producao de dialogo e nao sobre o artigo " Producao do dialogo" publicado no nesse blog a 10 de setembro,

recorrendo a perspectiva sociologica de Karl Popper na sua abordagem face ao Mito do contexto, fundamentalmente sobre o relativismo historico e social, defendendo a ideia segundo a qual o proveito que os participantes podem tirar de uma discussao racional nao é devido ao acordo desejavel que se possa chegar ou dar razao a outro ou discubrir quem esta certo ou errado, mas sim, atraves da participacao activa, da possibilidade de cada um trazer argumentos possiveis para justificar sua posicao, com tolerancia e respeito as opinioes diversas diferentes da sua e a possibilidade de cada um sair descta discussao com uma certa aprendizagem.
Permitam dizer que nao pretendo dar razao ao povo ou a facanha politica no poder nas suas intervencoes, seus reclames na midia. tao pouco acrito nos milagres dessas decisoes ou na victoria do povo sobre sua exuberante manifestacao.
Mas pelas observaçoes impiricas que registei durante esse cenario, pude observar que embora tivesse havido intervencoes de duas ou mais a confrontar sobre a mesma situacao, nao pode registar o dialogo entre esses participantes.
da aboradgem sobre de popper, podemos compreender que para um dialago ser proveitoso nao é necessario que cheguem a um acordo ou que alguem seja vencido ou vencedor. mas sim, este sera aproveitoso a medida que cada um colocar em evidencia seus argumentos que fundamentam sua posicao, sua critia, sua revolta, seu manifesto, sua greve ou sua manifestacao.
Tomando o caso de 1/3 de setembro de maputo, onde observamos por um ladoporticipantes a manifestar contra subida do custo de vida(subida de precos de pao, energia e outros bens sulgados da primeira necessidade) e por outro lado, intervencoes politicas, academica e relegiosasa apelarem a calma do povo, de seguida medidas para conter o custo de vida.

essa tomada de medidade que na minha opiniao, nao vai conter situacoes extremas que muitas vezes estao fora do contro social politico ou económico.
constitui uma medida para criar rotura de um dialogo proveitoso, onde na minha opiniao o oportuno seria esclarecer as motivacoes da subida dos precos ao ditos "vandalos, tomadas pela pressao do custo de vida que lhes rouba atencao necessario e a sua racionalidade"
se foram vandolos, marginais os participantes populares da manifestaco de 1/3 de setembro, isto significa que eles agiram fora de si. e wse agiram fora de si, movido por uma emocao violenta que lges tira a razao, entao eles sao ignorantes, pois disconhecem das leis universais que regem aeconomia nacional e internacionai.
nesse sentido, a posicao dos participantes ditos superiores, pois se acham com razao pelo facto de as razaoes da subida de precos estarem fora do seu controlo, entao é oportuno que estes exclarecidos, coloquem em evidencia seus argumentos que fundamentas tais medidas.
dessa forma, nao interessa chegar a dar rezao a ninguem, mas sim que cada uma das partes possa aprender um com outro e possa sair dessa discussao a saber que existe outras visoes diferentes das suas ou da sua.

Vasco Muchanga
Estudante do terceiro Ano de sociologia, UEM, pos-laboral
vascomuchanga@yahoo.com.br

se a crianca chora, sra que a mae corre logo para dar pao ou mama ou procura compreender as razoes ou motivacoes deste choro. amedida que a mae procura compreender

Carlos Serra disse...

Óptimo, continue a partilhar, desenvolverei o tema logo à tarde na Fac de Medidina, 15 horas, apareça.