16 setembro 2010

Linchamentos: moral não basta

Segundo o "Notícias" online de hoje, três jovens escaparam in extremis ao linchamento no bairro da Munhava-Central, periferia da cidade da Beira. Dois cidadãos ouvidos consideraram o linchamento legítimo, enquanto religiosos estiveram com o substituto do governador de Sofala procurando encontrar soluções para o fenómeno. Confira aqui.
Observação: parece haver uma onda linchatória em Maputo, Matola e Beira - recorde aquiOntem, num programa televisivo, afirmei que a carestia de vida, as preleções morais e as condenações veementes podem conduzir a um incremento dos linchamentos caso não sejam acompanhadas, por exemplo, de mudanças (1) no reordenamento dos bairros suburbanos (aí compreendida a iluminação, pois a falta de iluminação é a regra), (2) na geração de emprego decente  e (3) na melhoria das condições de vida e de trabalho dos polícias. As pessoas sabem que é ilegal o que fazem, mas consideram que é legítimo fazer o que fazem em bairros onde se vive intranquilidade e exasperação diárias. O linchamento é cruel, mas no ponto de vista das comunidades é um forma necessária de controlo social. Entretanto, sugiro continue a ler a minha série Linchar à luz do dia: como analisar?

1 comentário:

ricardo disse...

Nao existe diferenca entre um linchamento e um acto de histeria colectiva como a de Quisse Mavota.

Ambos os casos sao manifestacoes de catarse, diferindo apenas na accao. Enquanto na primeira, a accao e directa. Na segunda, e induzida.

Tudo sintomas de mal-estar social, traduzido na intolerancia extrema a tudo que possa destruir a tranquilidade aparente da comunidade.

Em suma, a sensacao "all in the same boat" volta a ser recuperada pelas massas. Enquanto que no passado socialista esse sentimento unia-nos todos na partilha da mesma desgraca. Hoje, une-nos na partilha de interesses comuns de micro-cosmos da sociedade, momentaneos na maior parte das vezes. E porque os termos de comparacao sao dispares, os resultados tambem o serao.

Como reverter o quadro?

Algumas das medidas avancadas pelo Professor fazem sentido. Mas eu, estrategicamente, criaria politicas sociais para descompressao das grandes urbes, para que o grupo-alvo voluntariamente chegasse a conclusao ser mais pratico fazer a sua vida em outras partes do interior.

OS 7 BIS poderiam ser uteis. Mas afinal revelam-se mais um fundo de maneio perdido para dar suporte as presidencias abertas. Sabe Professor, andei por alguns distritos e apercebi-me de uma situacao. Sempre que o PR tem em agenda a visita de um deles, uma residencia local e reabilitada para acomoda-lo. E assim que acaba a visita, e totalmente desmantelada. Se o PR decidir voltar a visitar o mesmo local, outra (ou a mesma) residencia e reabilitada.

E os fundos, quase sempre sao locais. Ora pensemos porque...

Eis a questao.