Sétimo número da série. Sugeri aqui três aspectos a ter em conta na reconstrução social da figura de Dhlakama: 1. Questionamento eleitoral, 2. Rebelião política e 3. Cesarismo messiânico. Prossigo no terceiro aspecto. Escrevi no número anterior haver dois fenómenos importantes na reconstrução social da figura de Dhlakama e, em particular, no que concerne ao cesarismo messiânico: os ataques de Sadjundjira [província de Sofala, 21 de Outubro de 2013] e de Zimpinga [província de Manica, 25 de Setembro deste ano]. Em Sadjundjira, distrito da Gorongosa, província de Sofala, Dhlakama fez nascer uma base político-militar, muito mediatizada, espécie visível de contrapoder, na qual o presidente da Renamo era regularmente entrevistado. A base de Sadjundjira tornou-se uma verdadeira "Ponta Vermelha" concorrente da residência oficial com esse nome do Chefe de Estado na cidade de Maputo. Informalmente, Dhlakama aparecia como um Chefe de Estado sombra. A 21 de Outubro de 2013 o exército governamental invadiu Sadjundjira, mas Dhlakama já não estava lá (aqui). A partir daí surgiu a expressão "parte incerta" para designar o lugar onde ele se teria refugiado nas matas da serra da Gorongosa. Robusteceram-se a lenda e o mito num certo imaginário popular em torno do general, de novo regressado ao seu berço guerrilheiro. Por exemplo, segundo líderes tradicionais ouvidos pela "Folha de Maputo" digital, Dhlakama transforma-se em ave sempre que há emboscadas, confira aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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