04 maio 2015

Xenofobia e shangaanfobia: história e estereótipos na África do Sul e em Moçambique (8)

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. " [Bertolt Brecht]
Oitavo número da série. Permaneço no quarto ponto do sumário proposto aqui, a saber: 4. África do Sul 2008, 2010 e 2015, finalizando o subponto 4.1. Síndrome da história metropolitana. Escrevi no número anterior que o poderio sul-africano acabou por enraizar-se, consciente ou inconscientemente, em todos os grupos sociais, como propriedade simbólica comum, apagando as diferenças e as desigualdades sociais, evacuando a história do apartheidCriou-se, assim, um complexo de superioridade, a síndrome da história metropolitana ou, numa outra formulação, a síndrome do eldorado. Por outras palavras: sul-africanizou-se a crença de que os estrangeiros chegam para roubar a riqueza local, estrangeiros que, em alguns casos, como sucede com Zimbabweanos, para evitar a acusação e a perseguição, procuram disfarçar-se, “zuluficar-se”, falando zulu, adoptando um nome zulu e vestindo-se “à zulu” no “estilo Pantsula”, como acontece, por exemplo, em Alexandra, na província de Gauteng.

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