Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
04 fevereiro 2014
Culto aos presidentes (5)
Quinto número da série. Entro no segundo ponto do sumário proposto aqui, a saber: 2.Semiologia dos cultos políticos de personalidade. O culto político de personalidade tem uma característica simples: é tributário da humanização terrena dos deuses. Os deuses, distantes e soberanos, são adaptados às necessidades humanas e tornam-se humanos. São sobretudo reinventados do ponto de vista político, destituídos das mazelas do comportamento humano em geral e erigidos em heróis vivos, puros, heróis adaptados à actualidade. Em plena era das democracias liberais, os partidos políticos depositam nos seus chefes poderes demiúrgicos especiais. Com a roupa gregária e global das democracias liberais, os soberanos, aureolados de extraordinários mitos fundadores fielmente produzidos e geridos pelos seus porta-vozes, adeptos e militantes, governam primeiro os partidos, depois, em caso de vitória eleitoral, as nações. Afinal, em cada ser humano parece habitar a apetência de um deus permanente e funcional. Se não se importam, prosseguirei mais tarde.
(continua)
Adenda: sugiro leia dois textos meus intitulados "Culto da personalidade" e "O conflito na produção de heróis em Moçambique" , respectivamente aqui e aqui.
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