22 novembro 2011

Para ganhar as eleições em Quelimane (20)

O térimo da série, com base nos pontos que propus aqui.
3. Áreas-alvo. Escrevi no número anterior que gente presente, mesmo se muita, não significa aderência às ideias do político. Pretendo dizer que ganha realmente, repito, realmente (para além dos votos) a intercalar autárquica do dia 7 de Dezembro em Quelimane quem se abstiver dos comícios, das suas parangonas, dos seus coloridos musicais, da teatrocracia. Ganha quem fizer campanha pedestre permanente, sem 4x4, sem galões, sem fanfarras, zona a zona, bairro a bairro, sector a sector, com persistência de perdigueiro, frequentando os quintais e as redes de parentes, amigos e aliados das donas (=sinháras) da história zambeziana, o Brandão e seu buliçoso povo mercantil, os locais mais visitados pelos engenhosos vendedores ambulantes (anaguliya amudila) de tudo e nada, as paragens principais dos bicicleteiros que transportam as pessoas humildes nos assentos traseiros das azafamadas bicicletas-táxi, as zonas de encontro dos professores dos vários graus de ensino, os pátios das mulheres dos bairros húmidos do macubar, as oficinas de bicicletas cujos mecânicos até o impossível sabem remediar, os locais de venda de peixe, os restaurantes dos clientes da mucapata, do caranguejo e da galinha à zambeziana, as igrejas e as mesquitas, etc. Ganhará a intercalar autárquica de 7 de Dezembro quem for humilde, quem souber mostrar que é verdadeiramente um candidato antibiótico.
Finalmente: aos candidatos - que espero sejam antibióticos -, os meus votos de boa campanha. Foto reproduzida daqui.
(fim)
Adenda: abordo múltiplos aspectos da engenharia eleitoral no seguinte livro: Serra, Carlos (dir), Eleitorado incapturável, Eleições municipais de 1998 em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária, 1999, 354 pp., confira especialmente pp. 43-243.

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Acredito que os "antibióticos" são raros, a papinha já está feita.

TaCuba disse...

O Salvador tem insistido na necessidade da transparência, esse é o problema central, não há observadores internacionais...

Anónimo disse...

Oh professor.
Não tenha muita esperança, pois tudo que o senhor falou é oposto da maioria dos candidatos, se realmente fossem estes os requisitos obrigatórios para se vencer eleições em Moçambique, tenho a certeze em 1000 apenas 1 ganhava.

ricardo disse...

A bocado a STV falou de uma sondagem da POLITECNICA que coloca o candidato da FRELIMO como vencedor. Entretanto, lembremo-nos tambem do que escreveu o "SAVANA" num artigo sem autoria...

E caso para se dizer. A friend in need, is a friend indeed!