01 setembro 2011

Violentos e calmos (4)

"Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertolt Brecht)
Mais um pouquinho desta série.
Escrevi no número anterior que temos da violência, por um lado, uma concepção imediata, instantânea, visível, quer dizer uma concepção não processual, daquela processualidade que, agindo por acumulação progressiva de causas e de contextos, explode um dia.
Por outro lado - acrescento agora -, temos uma concepção que objectivamente exclui que as coisas serenas ou doces possam ser violentas ou dar origem à violência. Quer dizer, a nossa concepção é a do ruído, da explosão, a daqueles momentos veementes que escamoteiam as condições violentas não violentas que, por acumulação progressiva, geram a repentinidade da violência violenta que parece, afinal, não radicar nessas condições.
Prossigo mais tarde.
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

Ora aqui está Professor, deixar o rio para estudar as margens, para usar uma coisa que o Professor usa muitas vezes.

BMatsombe disse...

Belo post.