Há muitos anos era assim: chapas de caixa aberta apinhados de gente. Depois isso acabou e passámos a chapas fechados. Não é que estes andassam e andem menos apinhados, mas pelo menos a desumanidade do transporte ficava e fica um pouco disfarçada, tapada. Agora, a história regressou em força, são aos montes as carrinhas abertas, as camionetas transportando gente em condições horríveis, sem quaisquer condições de segurança e muitas delas em mau estado mecânico. É penoso ver o espectáculo diário desse tipo de transporte, é penoso saber que as pessoas aceitam viajar assim, mas não é menos penoso saber que é o Estado que autoriza semelhante situação. Enquanto isso, aqui e acolá, entre escárnio e resignação, passantes largam frases compensatórias: "Ali vão os bois! (em Xangaan: A ti homo!)". Há quem acrescente: "Para o matadouro! (A thomo tiya kudlayiwene)" Finalmente: recorde esta minha série aqui.
4 comentários:
Na situacao em que nao existem os tais carros fechados e dignos, alguem preferiria viajar a pe ou abdicar-se de viajar? Aqui vai uma distancia grande entre o querer e o poder.
Isso mesmo, bois, há quem goste de ver bois humanos através dos mercedes e dos audis.
Uma vergonha.
Como frisou Heyder, aqui as pessoas não detem o poder de escolha. Tem de chegar ao local de serviço a qualquer custo e a qualquer meio, pois para muitos é a única forma de sobrevivência.
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