Com grande destaque, o portal da Rádio Moçambique (RM) exibe hoje um trabalho com o dramático título "Crianças moçambicanas fechadas durante semanas para aprenderem sexo". Este trabalho é baseado num outro divulgado, hoje também, pelo digital espanhol El Mundo. Quem acusa? A UNICEF, através de Marie-Consolée Mukangendo, especialista de Comunicação. Qual o problema central? O problema central é o sexo, é a aprendizagem de sexo pelas meninas nos ritos de iniciação sexual. Eis o cabeçalho da notícia da RM: "O ritual consiste em tirar uma menina da sua família e da escola quando tem a primeira menstruação, às vezes até antes, encerrá-la numa casa e ensinar-lhe práticas sexuais durante duas ou três semanas para que mais tarde não sejam rejeitadas pelos maridos, escreve o jornal El Mundo".
Vou procurar mostrar que estamos perante uma visão distorcida.
Vou procurar mostrar que estamos perante uma visão distorcida.
(continua)
Adenda às 21:18: estabeleci contacto telefónico com um jornalista sénior da Rádio Moçambique e disse-lhe que a visão apresentada é distorcida.
5 comentários:
Ha muito que vejo cerimonias de macondes na Zona Militar, com rapazes e raparigas a serem iniciados.
E nunca me pareceu que aquele acto implicasse um retrocesso na vida de algumas meninas que por la passaram. Alias, algumas delas, com cargos no actual Governo.
Enfim, opinioes, respeitam-se. Mas nao se aceitam!
Na continuidade da série, tentarei mostrar alguns problemas de abordagem.
Nao conheco nem a nacionalidade nem a cultura de quem investigou e escreveu o artigo do El Mundo. Ja tive contacto de perto (ninguem assiste, Ricardo)com o "lykumbi", rapazes e "chiputo", meninas. Nao no B. Militar mas em Muidumbe, Nangade e Mueda. E muito daquelas praticas se podem facilmente inserir em violacao de direitos varios, face aos costumes e moral ocidentais e mesmo africanos urbanos.
Prof. atencao que nestes rituais, nao existem actualmente, apenas e so boas e louvavais intencoes. Talvez muita da pureza historica e intocabilidade moral, tenha sido levada pela nossa historia recente de guerra. Acredito que saiba a que me refiro.
PS: um conhecedor local destacou-me e eu confirmei que alguns pais se opoem a participacao dos filho(a)s dada a utilizacao de objectos cortantes nao desinfectados e porque regra geral, os que dirigem as cerimonias consomem demasiado alcool para tanta responsabilidade.
Penso que nao se deve confundir uma expressao cultural que preserva as tradicoes de um povo com aspectos sanitarios que hoje em dia, devido as doencas modernas exigem certos cuidados e que por isso, poderiam, como ja sucedeu no passado, ser explicado aos locais.
O uso de catanas, laminas e outros objectos cortante em cerimonias eivadas de charlatanice (sr. Ningore) nao justitifica a qualificacao que foi feita pelo EL PAIS, que ao que li, quase que equiparou tais cerimonias a mutilacao mental feminina.
Por ultimo, e ja que foi aberto o parentises "padroes ocidentais", devo dizer que, sao exemplos destes que demonstram que Fode Diawara esteve sempre equivocado. Pois que, a guiza da BOA aculturacao ocidental, por causa de uma suposta barbarie, os povos africanos perdem suas raizes ancestrais, banalizam-se ou ate pior, exterminam-as do seu ideario secular. Restando-lhes depois a cultura do Novo Africano globalizado e do internet cafe. Nem carne, nem peixe. Perdido, e de mao estendida.
Um povo que nao respeita sua cultura. E um povo sem ela. E um povo sem cultura, e um povo sem futuro.
"para que não sejam rejeitadas pelos maridos"? e no que toca aos rituais masculinos - terão como objectivo o " não virem a ser rejeitados pelas mulheres"? Estou curiosa em ler a sua interpretação deste fenómeno, mais como activista dos direitos humanos, que como é óbvio, não podem ignorar os direitos das crianças e das mulheres.Não é assim?
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