10 maio 2011

Sobre crise (3)

"Onde a diferença falta, é a violência que ameaça" (René Girard, A violência e o sagrado)
Avanço um pouco mais nesta série, sugerindo algumas ideias sobre o primeiro ponto do sumário que vos propus no número anterior.
No seu sentido médico original, a crise é uma perturbação somática, uma alteração do estado - considerado habitual ou normal - do corpo. Em termos de sistemas sociais, é uma perturbação num determinado estado de coisas ou de fenómenos, um curto-circuito em coisas ou fenómenos considerados normais, habituais. A crise é, ao mesmo tempo, um revelador de conflitos que não estavam visíveis e um accionador de novos fenómenos. Mas, fundamentalmente, a crise deve ser tomada como um fenómeno ou como um conjunto de fenómenos bloqueando a reprodução de um determinado sistema. As crises podem ser regressivas ou progressivas, regressivas quando são postos em acção processos de retorno a uma situação anterior, progressivas quando são desencadeados processos dando origem a uma nova situação. Não poucas vezes, as crises sociais são acompanhadas de mecanismos destinados a expulsar o agente ou os agentes causadores da perturbação, a identificar e a expulsar o suposto responsável ou os supostos responsáveis.
(continua)

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Professor vou colocar um texto que dizem ser do físico Albert Einstein: "Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo, sem ficar superado. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e as soluções fáceis. Sem crise não há desafios. Sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”

Carlos Serra disse...

Obrigado pelo contributo. A leitura optimista da crise.

Rui Sitoe disse...

Esta visao sobre a crise e' encorajadora e muito interessante, sou da opniao que devia ser amplamente divulgada