14 maio 2011

Poder e representação: teatrocracia em Moçambique (16)

O décimo sexto e penúltimo número da série, que no seu título usa um termo de Georges Balandier, teatrocracia.
Prossigo um pouco mais o oitavo e último ponto do sumário que vos propus, nível invisibilidade, refiro-me ao poder pelas forças do invisível.
Chegar ao poder, chegar lá acima, manter esse poder, permanecer lá em cima, exige para certos oficiantes políticos a gestão criteriosa das forças do invisível, o beneplácito dos curandeiros, por forma a contornar a influência dos pares antecessores e a concorrência actual. Ser portador de uma cesta de facilitadores mágicos na ascensão; purificar gabinetes, blindá-los contra maus espíritos e tenebrosos ataques mágicos à distância; consultar regularmente o curandeiro para reforço das protecções globais, tudo isso são tarefas a nunca esquecer. Quanto mais precavido se é, mais poder se tem na gestão das forças do invisível - assim se crê. A este nível, o curandeiro é bem mais do que um gestor das crenças e das expectativas populares, é um elemento político fundamental nos corredores do poder.
Imagem: el poder, quadro do pintor e ceramista argentino Raúl Pietranera).
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

Os files da AMETRAMO, serã que falam?

izumoussufo disse...

Aqui essa prática não falta. Cada um quer estar protegido, medicos tradicionais não perdem emprego.