Os assaltos espectaculares sucedem-se nesta Maputo cheia de 4/4, condomínios, hotéis, bancos, casas de câmbio, empresas de segurança, casinos, restaurantes, bombas de gasolina e uma Mozal a produzir 60% do PNB do país.
Fortemente armados, os assaltantes agem em plena dia, nesta Chicago índico-africana, enquanto a polícia multiplica os comunicados mediatizados dizendo que os vai combater sem tréguas.
Se na Utopia de Thomas More eram os carneiros quem comia os homens, aqui são os pistoleiros. Há pobres por toda a Inglaterra, afirmou a sua rainha Isabel no século XVI. Aqui, neste século, pode dizer-se assim: há pobres e pistoleiros por todo o Moçambique.
Temos aí todos os ingredientes para reeditarmos, sem mudarmos uma vírgula sequer, a famosa acumulação primitiva de capital do velho Marx e assim sabermos do pecado original da nossa roubologia.
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Aconselho vivamente que leiam, a propósito do tema e de Maputo, o dramático ponto de vista da jornalista Delfina Mugabe na edição do “Notícias” de hoje (18/07/06, p. 5), com o sugestivo título “Uma cidade criminosa”.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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