Mágica expressão esta, a sociedade civil, ambígua, todo-o-terreno: ambígua porque sem consistência analítica, todo-o-terreno porque suposto tê-la. Tudo e nada, afinal, nela podem caber. Por outro lado, guarda um profundo sentido normativo, pois constrói-se eticamente por oposição ao havido Estado-Leviatão, mesmo quando usada por dirigentes estatais. E assim vão passando os dias, reuniões decorrendo, lá está a sociedade civil sempre pontual, meia dúzia de pessoas que dizem sempre as mesmas coisas em todos os seminários (palavra definitivamente substituída por workshops), naquele ambiente fatalmente igual povoado pelos temas da moda neoliberal, pelo sumário executivo, pela água mineral, pelas propostas solenes e pelas grandiosas declarações de imprensa. Parece ser evidente que somos um produtor copioso de sociedade civil para consumo de workshops.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Concordo com a vossa colocacao. Mas tambem nao vejo o que, a dita sociedade civil, perante as actuais condicoes poderia fazer melhor, do que seminarios, blogues ou programas de TV...
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