Nono número da série. Deixemos a racionalidade popular e entremos na racionalidade estatal. Perante o avião invasor e atemorizante para certos círculos de Moatize, eis a posição do Estado veiculada através da polícia: "(...) as autoridades policiais consideram que a presença de “avião tradicional” não é crime, porque não tem enquadramento no código penal. Poderia ser crime se no interior houvesse um nado morto ou algum membro do corpo humano, conforme avançaram, acrescentando que o fenómeno só pode ter interpretações a partir dos médicos tradicionais, por se tratar de factos meramente mágicos."
Se não se importam, prossigo mais tarde.
Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)
Nota: recorde, também, neste diário, com o título Tem xicuembo lá em Moatize, uma postagem (mais os comentários) de 2008 sobre um avião que, nesse ano, é suposto ter aterrado junto à terminal de chapas da vila, aqui.
2 comentários:
A racionalidade estatal esparrama-se na crença tradicional dos seua agentes. É assim que o Estado, regulado por codigos de genese ocidental, não sabendo como lidar com desmaios das meninas como os da escola Kiss Mavota ou esta Aviação Civil Nocturna, remete tudo para a medicina tradicional, um conceito nublado entre a ciência ervanária e a magia (para o ocidente) negra desastrosamente institucionalizado sob uma desarticulada, inconsequente e insustentável AMETRAMO. A acompanhar as cerimónias de limpeza e exorcismos, as mesmas pessoas que enquanto agentes do Estado negam a existência de crimes não tipificados no codigo penal.
Saberemos nós quem somos?
Desmaiaram 25 meninos e meninas na escola da amizade em Lichinga. Vão ver que se vai abater bois e cabritos com presença de altas figuras do Estado local.
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