01 fevereiro 2013

O social do natural

As chuvas e as inundações continuam a surgir em certa imprensa, de forma sistemática, imperativa, como obra natural incontornável. Lendo as narrativas, fortemente antropomorfizadas, fica-nos a sensação de que a água tem vontade própria: "chuvas matam", "fúria das águas", "violência destruidora das águas", etc. Raramente está em causa saber se a tragédia e os estragos não poderiam ter sido minimizados atempadamente. O natural mediatizado eclipsa o social analítico. Ciclicamente assim procedemos, tornando imunes à acção preventiva humana os deuses coléricos das águas.

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Sem dúvida, quando houver novas chuvas e novas inundações a cena vai repetir-se.