10 novembro 2011

Julius Malema suspenso por cinco anos

Despacho do jornalista João de Sousa, correspondente da Rádio Moçambique na África do Sul, há bocado por mim recebido de Pretória: "Na África do Sul a suspensão do Presidente da Liga da Juventude pode abrir um outro cenário para o Congresso do ANC do próximo ano. Para Jacob Zuma dois aspectos fundamentais. Por um lado uma imagem que fica reforçada na liderança do partido e do Governo e por outro fica o caminho aberto para o próximo Congresso do ANC a ter lugar em Janeiro do próximo ano. Julius Malema já não vai conseguir vincar o seu protagonismo e vai deixar de ser o irrequieto e incomodativo. A menos que nos próximos 13 dias ele consiga apresentar um recurso convincente, o que não me parece possível, face à gravidade dos seus pronunciamentos, que provocaram divisão interna no seio do partido, que criaram uma clima de instabilidade nas populações e principalmente nos investidores estrangeiros e quase provocaram um incidente diplomático com o Governo do Botswana, que Julius Malema catalogou de imperialista. A suspensão deste jovem atinge directamente os seus apoiantes, e dentre eles Winnie Mandela, uma defensora dos objectivos traçados pela Liga da Juventude, como por exemplo a nacionalização do sector mineira e dos bancos, e a expropriação das terras a agricultores, sem qualquer hipótese de compensação financeira. Winnie Mandela chegou a afirmar que em 2012 a liderança do partido vai mudar. Perante esta suspensão de Julius Malema será que a liderança do ANC vai mudar? Hoje, mais do que ontem, colocam-se muitas dúvidas. Outra figura que veio em defesa dos princípios defendidos por Julius Malema é Tokyo Sekwale, membro influente do ANC. Qual vai ser agora o seu posicionamento, face à suspensão de Malema? É importante lembrar que Tokyo Sekwale é, de parceria com o Vice-Presidente Kgalema Motlhante, um dos candidatos a substituir Jacob Zuma no comando do ANC a partir do próximo ano. Será que os desenvolvimentos políticos em torno deste caso vão permitir que o SG do ANC, Gwende Mantashe, renove o seu mandato em 2012? Como se vai posicionar agora a Liga da Juventude, que ao longo dos últimos anos constituiu sempre oposição ao próprio partido? Como ficarão os seus apoiantes e seguidores? Será que Julius Malema tem ainda alguns trunfos na manga? Ele já reagiu à sua suspensão ao afirmar que “chegou a hora de arregaçar as mangas e lutar contra o inimigo”. São ideias que ficam no ar, e que hoje aparecem reflectidas em muitos comentários, nos jornais e principalmente nos portais electrónicos da Internet. As próximas duas semanas serão cruciais, para podermos perceber como é que o “caso Malema” pode interferir no próximo Congresso do ANC a ter lugar em Janeiro do próximo ano." Imagem reproduzida daqui.
Adenda: recorde neste diário uma série minha em oito números intitulada A África do Sul de Malema, aqui; versão melhorada no semanário "Savana" da semana passada, aqui.
Adenda 2 às 20:40: leia o texto disciplinar no portal do ANC, aqui. Para traduzir, aqui.
Adenda 3 às 21:06: no próximo ano assinala-se o centésimo aniversário do mais antigo partido africano (fundado em 1912), confira aqui.

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Penso que ele vai fundar um partido mais dia menos dia chamado por exemplo "South African Black Power Party".

ricardo disse...

Como ja havia dito antes, o percurso deste Malema assemelha-se em tudo ao de Nito Alves no MPLA...

Resta-nos saber se ao menos se preocupa em ler um pouco mais da Historia da Africa Austral. Em politica, aos Malemas so ha dois destinos possiveis. Ou sao impedidos politicamente e acalmam-se ate ficarem adultos. Ou persistem, e enganam-se a caminho da sala dos congressos. Assim foi o caso de Nito Alves. Morto, aos 32 anos, depois de afrontar Agostinho Neto, um intelectual muito experiente, embora nao tivesse o charme e magnetismo de contaminar multidoes, como era o caso de Alves.

E digo mais. Entre Malema e Zuma, nao tenho duvidas que toda a SADC preferira Zuma. Inclusive eu.

Anónimo disse...

Já era sem tempo, espero que o recurso não prossiga.