10 maio 2011

Onde moram os pobres? (5)

Um provérbio na língua Tumbuka no Malawi diz o seguinte: "Não há funeral para o cadáver da galinha" (significado: a morte do pobre passa despercebida).
Neste quinto número da série, escreverei um pouco sobre o terceiro ponto do sumário proposto, refiro-me à pobreza como preguiça e problema espiritual.
Uma outra maneira de extrair a pobreza de relações sociais concretas e de condições desiguais de acesso a recursos, consiste em fazer dela um problema de preguiça, um estado de espírito negativo. A conclusão, muito prezada por certos extractos sociais, é a de que se as pessoas forem enérgicas, se quiserem vencer, poderão deixar de ser pobres. A pobreza é, então, neste prisma, um problema psicológico particular e é desta maneira que se passa a mensagem de que os ricos trabalham e os pobres preguiçam.
Imagem: Desocupados, quadro de 1934 do pintor argentino Antonio Berni
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

É verdade, discursos assim é mato.

Carlos Serra disse...

E que mato!