09 maio 2011

Onde moram os pobres? (4)

Um provérbio na língua Tumbuka no Malawi diz o seguinte: "Não há funeral para o cadáver da galinha" (significado: a morte do pobre passa despercebida).
Neste quarto número da série, escreverei um pouco sobre o segundo ponto do sumário proposto, refiro-me à pobreza como natureza.
Não há melhor maneira para justificar a pobreza senão dotá-la da irremediabilidade da natureza, fazer dela não um dado social, mas natural. Por outras palavras: o mundo é naturalmente feito de ricos e de pobres,  sempre assim será. A naturalização da pobreza encontra na esmola um reprodutor ideal, estimulado a vários níveis, religiosos e profanos. Hoje, os problemas mundiais de reprodução do modo capitalista de produção levaram à adopção de um programa ruidoso: o combate contra a pobreza segundo certos quadrantes, o seu alívio segundo outros. A pobreza surge como um estado tecnicamente tratável, exterior às relações de produção (retomarei este ponto no último ponto do sumário).
Imagem: Desocupados, quadro de 1934 do pintor argentino Antonio Berni
(continua)

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