De um texto de Noam Chomsky (esquerda) com o título em epígrafe e tradução minha sobre a morte de Osama Bin Laden (direita): "É cada vez mais claro que a operação foi um assassinato planeado, violando de maneira múltipla normas elementares do direito internacional. Parece que não houve qualquer tentativa para deter a vítima desarmada, o que 80 comandos poderiam ter conseguido uma vez que não enfrentavam nenhuma oposição, excepto, afirmam, da esposa, que se lançou sobre eles. Em sociedades que professam o respeito pela lei, os suspeitos são detidos e levados a um julgamento justo. Eu enfatizo "suspeitos"". Em inglês aqui, em espanhol aqui, para traduzir faça-o aqui. Foi a morte de Laden um erro? Confira aqui. Finalmente, saiba o que o governo paquistanês pretende fazer a propósito da presença de Laden no seu país, em português aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
5 comentários:
E ja agora...
http://br.noticias.yahoo.com/jornal-judaico-apaga-hillary-clinton-de-foto-histórica.html#mwpphu-post-form
Pergunta: quem sao os extremistas religiosos mais perigosos que os nazis?
Essa de se considerar Bin Laden apenas um suspeito não é certamente para se levar a sério...
Teoricamente, a captura e julgamento de Bin Laden teria sido a melhor solucao para secar o poder da Al-Qaida. E enfatizo "teoricamente", porque o leitmotiv que sustenta aquela organizacao nao pode ser analisado de maneira simplista. Contudo, ao contrario do caso Che Guevara, que em 1967 resultaria num julgamento politico similar aquele que Fidel tivera na sua mocidade apos o assalto a Moncada, o hipotectico julgamento de Bin Laden estaria, logo a partida, minado por alguns escolhos:
1- As provas materiais dos crimes que nao existiam. Haviam declaracoes audio e ate televisivas. Nada mais. Mas isso, seria facilmente defensavel a luz do ordenamento juridico dos EUA, sobretudo porque o direito a opiniao e coberto pela Primeira Emenda. E como tal, a haver provas, teriam de ser forjadas;
2- A teoria da Conspiracao de Michael Moore que sugere linkage entre a Al-Qaida e a politica imperialista dos EUA. Com efeito, eu ja havia chamado a atencao para o facto das revolucoes de Jasmin estarem a espalhar-se pelo mundo arabe e causando a alta do Crude e com isso, estrangulando a Europa e os EUA, e o facto da Al-Qaida nao ter em momento algum desferido um golpe de misericordia. Pois na verdade, como nos diz Su-Tzu, se estivessemos a falar de contendores, seria agora o momento de atacar. E poderiam te-lo feito facilmente;
3- Quem nos anda a distribuir informacao a conta-gotas a partir do Pentagono com relacao a esta novela binladesca e um conhecido lobby judeu do aparelho securitario dos EUA. Logo, ate por isso, e ja a partida, uma fonte parcial e pouco credivel. Inclusive, quando ela nos comunica "tout-suite" o destino final do corpo no mar Arabico. Antes nao nos tivessem dito. Pessoalmente, reafirmo, considero que o corpo nao foi atirado ao mar. Ele esta numa morgue dos EUA;
Por isso, um julgamento de Bin Laden, nos EUA ou mesmo em Haia, resultaria, muito provavelmente na sua absolvicao e a transformacao da Al-Qaida num movimento politico pan-arabe com legitimidade popular e parlamentar. Finalmente, o corpo de Bin Laden, fotografado ou ao vivo, seria a UNICA prova material que transitaria em julgado. Neste caso, num incrivel processo judicial que poderia ser movido pela poderosa Arabia Saudita, usando a familia Bin Laden como umbrella, por assassinato de um ente-querido, sem provas judiciais (porque nao as havia) solidas. E quando se fala de um processo judicial destes desfavoravel aos EUA, os proprios sabem muito bem o que isso significa. Em 1989, Saddam Hussein teria comprado nos EUA, dezenas de milhar de km2 de terrenos para especulacacao imobiliaria. Em 2001, apos o 11 de Setembro, o dinheiro saudita era responsavel pela saude do PIB norte-americano (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/020821_dinheirosaudiir.shtml)...
E nao me parece que isso tenha mudado.
Ora la esta. The next move. Shall we play chess?
http://br.noticias.yahoo.com/filhos-bin-laden-sepultamento-mar-é-inaceitável-171319097.html
Huuummmm...
Os paladinos da Justiça, os defensores das nobres causas – Democracia, Liberdade, Direitos Humanos, Paz – celebram o assassinato do “homem mais perigoso do mundo” – Osama Bin Laden. O homem mais perigoso do mundo se foi, mas, continua servindo as mais variadas causas. Do ponto de vista objetivo, é mais um cadáver na luta contra a hegemonia americana ou a guerra contra o terror. A luta continua.... Nem uma coisa nem outra. Enquanto os tolos e os oportunistas celebram o assassinato as bolsas sobem, o preço do petróleo cai e a America guerreira reafirma a sua imagem de potencia bélica. Obama afirma em discurso que com o extermínio de Osama “foi feita justiça.” Curioso, para dizer o mínimo, esse conceito de justiça! Sendo assim, a vingança seria uma legitima forma de justiça para o governo e a sociedade norte-americana. Ou seria Guantánamo? Não é preciso ser cientista político para saber, no entanto, que isso não encerra a Guerra ao Terror. Historicamente a America – política, sociedade e economia – dependem da guerra. A cultura norte americana foi forjada na guerra. Desde a independência passando pelo México, os índios e quase todas as guerras do século passado. Enganam-se quem pensa que o caráter unilateral da política America e a estratégia de ataque preventivo são recentes – Doutrina Monroe. Desde a II Guerra que a mola da economia norte americana é a guerra. Ela articulou os diversos setores da economia americana – tornou-a mais complexa e interdependente, expandiu e incrementou o capitalismo americano. Desde o fim dos conflitos mundiais que nenhuma outra nação esteve envolvida em tantas disputas armadas. Estratégia que movimenta a economia, organiza o Estado, mobiliza a sociedade, eleva a auto-estima e garante a adesão das massas e, sobretudo, projeta a imagem do poderio militar americano no imaginário do mundo – armas e exercito invencíveis. Do ponto de vista interno assegura a união nacional mobilizando todos os segmentos da sociedade, fortalece os valores do espírito nacional. Do ponto de vista externo coloca a America como protagonista no cenário internacional. A Guerra ao Terror se insere nesse amplo contexto histórico e de
interesses no âmbito nacional e internacional. Osama Bin Laden não iniciou e nem vai terminar esse processo. Tolice, ignorância ou leviandade responsabilizá-lo pela política externa americana. Muito
antes dele os americanos tem interesses naquela parte do mundo e fazem o jogo das monarquias árabes. Antes mesmo da fundação do Estado de Israel – 1928 e 1948, respectivamente. Bin Laden representa a ousadia e coragem individual contra o Leviatã moderno. Ele expressa a revolta contra a hegemonia ocidental. Transformou a sua revolta em uma causa que uniu sunitas e xiitas, muçulmanos árabes e não árabes mundo afora! Apontou o dedo médio para o Tio Sam e expôs a America ao ridículo de forma unilateral. As conseqüências disso todos conhecem. Garantiu seu lugar na historia do
século XXI, embora duvide que fosse essa a sua motivação. Guerreiro muçulmano; combateu antes os soviéticos no Afeganistão dos anos 80 e isso basta para assegurar seu lugar no panteão dos heróis do islã. A história irá dizer quem pagou o mais alto preço, para as vitimas inocentes – milhares de mulheres, velhos e crianças - a conta já esta sendo cobrada e não fará diferença. Embora o prejuízo humano seja o maior de todos, essa é uma guerra, no entanto, que não poderá ser medida apenas pela contagem de vitimas. As decisões e os objetivos não dependem exclusivamente das deliberações militares e seus protagonistas não estão na caserna. O legado está inscrito e a sorte já foi lançada.
Mario Miranda Antonio Junior
Sociologo
pós em Direitos Humanos
Enviar um comentário