10 janeiro 2011

Jovens argelinos mergulham na violência

Há varios dias que os afrontamentos se multiplicam na maior parte das cidades argelinas entre jovens e polícia. Os manifestantes denunciam o desemprego, a vida cara e as dificuldades de alojamento. Em francês no la.Croix.com, aqui. Para traduzir, aqui.
Adenda às 13:50: agravam-se igualmente os afrontamentos na Tunísia, 23 mortos segundo o Le Monde. Aqui.

11 comentários:

Abdul Karim disse...

Professor,

Isso esta a ficar complicado,

Esta crise esta mudar o mundo,

Acho que acaba uma era na Africa, e devera comecar outra, onde esperamos que seja melhor,

A Mudanca 'e Irreversivel, e se formos inteligentes ate somos capazes de tirar vantagens do processo a medio longo prazo,

A nossa Mudanca depende apenas de factores internos politicos mais particularmente de alguma Boa Vontade do actual governo, que o Povo Mocambicano parece disposto a Mudar pra Melhor,

Considero que Mocambique esta no "ponto critico" pra infleccao, ou pegamos a opurtunidade, ou perdemo-la, vai tudo depender da capacidade de analise do nosso governo.

Hoje no canalmoz, na noticia do Africa Monitor Intellegence, sobre o apoio do G19, o retrato do nosso governo nao 'e de todo bonito, a descredibelidade esta em queda continuada.

Ganhamos todos ou perdemos todos.

A Mudanca 'e Mesmo Irreversivel.

V. Dias disse...

Penso que era altura do professor estudar a causa desses fenómenos sociais em África, sobretudo o problema da instabilidade política.

Como historiador e sociólogo talvez nos ajudasse a compreender onde é que está o problema da África? Políticos? Sociais? Económicos? Onde é que está efectivamente o problema?

Zicomo

Abdul Karim disse...

Selecionador,

Sem grandes conhecimentos politicos, sociais ou economicos, vou tentar uma leitura,

Eu diria que 'e um processo de evolucao natural de Africa, que podera estar a ser doloroso, porque 'e primeiro estagio de evolucao pos independencias,

A Africa talvez precise de gerar um pensamento e identidade propria, um modelo africano proprio de desenvolvimento sustentado de dentro pra fora,

Acredito que ate determinada altura, ate se tentou, com a UA, CEDAO , SADC, mas o tempo foi passando e Africa nao rejuvenesceu, talvez porque na Africa, o "chefe 'e sempre chefe", e isso talvez neste momento seja mais visivel, pois me parece que os chefes africanos estao um pouquinho velhos, e perderam ate uma certa "alasticidade intelectual" e esqueceram-se de criar espaco para os mais jovens,

Como consequencia temos tambem um conflito de geracoes, e a crise mundial, aliado ao tradicional "chefe 'e chefe", onde os chefes tambem tendem a manter esse estatuto pra eternidade.

Acredito que a Grandeza dos Chefes Africanos hade vir ao de cima, ate porque a largarem o poder, ja temos o Mandela e Chissano, talvez entre outros que devem existir, e temos tambem alguns exemplos democraticos bastante bons como o Botswana, RSA...

Mas acredito que o Professor poderia mesmo dar nos "over-view" mais social e ate academico da situacao.

Carlos Serra disse...

Tenho para mim que o continente deve ser estudado como um poliedro, como um conjunto de aspectos intimamente interligados. Preciso, ainda, de alguns anos mais de estudo para me abalançar a fazer o que sugere, especialmente tendo em conta a juventude.

V. Dias disse...

Caro professor,

Faço votos para que publique um livro sobre esse estudo.

Karim disse:

"Eu diria que 'e um processo de evolucao natural de Africa, que podera estar a ser doloroso, porque 'e primeiro estagio de evolucao pos independencias".

Pode ser verdade, mas será que o ser humano para "crescer" e atingir o estágio de progresso (...) precisa de se degolar entre si?

Então onde é que está a nossa racionalidade? Porque é que somos afinal racionais?

Outra questão, Karim, porque é que a África não aprende com os erros dos outros continentes? Qual é o verdadeiro papel das universidades africanas nisso? E o papel da juventude.

Disse-me o professor Hélder Fonseca uma vez que a libertação de África deveu-se a movimentos intelectuais com sólidos conhecimentos técnicos e científico (citou o caso das universidades da Tanzânia, RAS, Quénia, etc) e agora, temos milhares de universidades, porque é que não somos capazes de criar outra revolução?

Ando doido sem saber a resposta.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Selecionador,

Estamos ha muito tempo a reclamar esse "aprender" dos erros dos outros, a reclamar o papel indispensavel que as universidades africanas e tambem os intelectuais africanos deveriam ter, e mesmo da juventude.

Se tomarmos o Nosso Mocambique como exemplo, veremos que a qualidade de educacao tende a baixar, na universidade nao desenvolvemos um modelo nosso e "importamos" bolonha, os nosso intelectuais sao silenciosos, e os nossos jovens pela fraca qualidade de ensino quando saem para manifesta-se, fazem-no violentamente, e quando nao fazem violentamente, sao entao de certa forma "estimulados" 'a violencia,

Essa evolucao natural de Africa, para mim podia bastante Bem ser muito menos dolorosa, e 'e ai ate que acredito que estrategicamente o Nosso Mocambique deviria aproveitar a opurtunidade e posicionar-se bastante Bem como Referencia Africana, pois ainda que nao queiramos aceitar, a frelimo do Machel, fez muita coisa que esteve bem feita, apenas nao teve continuidade,

Repare so, que a influencia de Mocambique na SADC 'e fruto da visao da frelimo de Machel, o prestigio de Mocambique 'e visao desta frelimo de Machel, que ao nivel de diplomacia e politica externa ate teve alguma continuidade nos primeiros 10 anos do Chissano,

Essa vantagem toda, devia ser capitalizada, e neste momento critico, deveriamos liderar a mudanca de Africa.

Abdul Karim disse...

Sabes Viriato,

As tuas perguntas deixaram-me pensativo, eu respondi em abstrato talvez, mas ao pensar no detalhe, fico mais preplexo, com as duvidas que comeco a ter:

Sera entao que as universidades africanas nao sabem qual o seu verdadeiro papel neste momento critico ?

E essa primeira duvida, leva talvez a uma segunda duvida, ja mais a nivel nacional, sera que temos intelectuais mesmo, ou sera que o silencio deles significa a anexistencia deles ?

E se universidades nao sabem do seu papel e nao temos intelectuais entao quem deve dar direccao aos jovens ? ou que direccao os jovens devem ter, para desenvolver o pais ?

Ja agora quanto ao papel das universidades, intelectuais e juventude, a nivel nacional, a desempenhar em funcao as tuas e minhas duvidas :

Que a universidade comece a desenvolver o pensamento critico, e ideias para criar um modelo Nosso para o sistema de ensino de base ao topo, pra comecar,

Quanto aos Nossos Intelectuais, espero mesmo que quebrem o silencio se 'e que existem, pois o pais mais do nunca precisa do seu activo intelectual, entao devem comecar a exercitar a sua massa cinzenta de modo que contribuam com o seu saber para a emergencia dum Pensamento Africano Moderno e assim darem 'a Mae Africa e aos seus filhos o explendor que bem merecem.

Quanto a Juventude, acho que o Parlamento Juvenil esta em crecente e assim se deve manter,

Acho que pra comecar seria um optimo papel, nao achas ?

V. Dias disse...

Karim,

Coloquei essas questões porque gostaria de ser respondido. Não tenho resposta para isso. Tanto é que estou perplexo, uma vez que o que assistimos é um paradoxo de coisas que deve estar a alegrar o diabo Lúcifer.

Sinceramente não consigo perceber qual é o papel das universidades africanas para colmatar os conflitos em África. Se no passado as universidades libertaram-nos, hoje são praticamente inexistentes. Porquê? Porque estão amarrados aos sistemas políticos???

O que tenho notado é que nenhuma universidade africana(salvo raras excepções) possui um currículo virado para a boa governação, contra a corrupção, contra o nepotismo, enfim...

E os governos africanos actuam em função de calendários eleitorais e não para as gerações vindouras, ou seja, pelo próprio país. Isso resulta quase sempre em guerras.

Última pergunta, Karim: porque é que temos os conflitos de GRANDES instabilidades (aleluia) por exemplo no Brasil onde a desigualdade racial e de exclusão é maior? Como é que se explica isso?

Zicomo

Abdul Karim disse...

Selecionador,

Nao posso afirmar com conviccao, mas Brasil faz parte da CPLP, nao sei qual a realidade do Brasil, pois meu foco tem sido mais Mocambique,

Mas,

Portugal no eixo, Brasil a potencia emergente, Mocambique muito influente na SADC, e por tabela na UA, pode ter originado um modelo de gestao governamental identico em todos esses paises,

Repara que esses paises todos da CPLP tem os mesmos problemas, identicos modelos politicos, quase que decalcados, todos eles "encostados" ao tal do capitalismo que qualquer um sabe que como sistema 'e um falhanco total e origem da crise financeira Mundial,

Corrompeu-se se o sistema mundial, perderam-se os valores, fizeram-se guerras desnecessarias, roubou-se aos pobres, e esta a dar nisso que esta a dar,

O problema 'e que "maus" estao no poder a nivel mundial, "ricacos da vida", e ca na base da piramite, esta comecar a batalha pela sobrevivencia,

Voltando para Mocambique, No caso particular de Mocambique, nem diria que se podessemos aprender com os erros dos outros, bastava aprender com os nossos proprios erros, ou seja, nao errar 6 vezes no mesmo ponto, seria um avanco,

No nosso caso, podemos realmente dar a volta a situacao, mas nao ha vontade politica, e fico realmente um "pouquinho espantado", porque com 20.000.000 de habitantes, e uma boa gestao de capital intelectual e recursos naturais, mocambique poderia ter muito mais ricos transparentes, poderia ter um governo muito mais credivel e ate niveis baixissimos de pobreza, se nao mesmo a pobreza completamente irradicada,

Agora porque as universidades estao "presas" ao poder politico? porque muito provavelmente o poder politico impos essa "prisao" aos centros de producao do saber, e como tal, resulta nessa "submissao" dos ditos intelectuais ( nao sei se posso chamar intelectuais aos que estao submissos ao poder politico e recusam-se a pensar quando mais o pais precisa do pensamento deles ) ao poder politico, que nao sendo orientado pelo conhecimento cientifico ou ate por valores, da nisso que hoje somos e estamos a ver.

'E uma decisao que vamos ter que tomar, ou seja optamos por construir um modelo nosso de ensino para arrancar, e evoluimos pra um estagio de desenvolvimento dum Pensamento e Indentidade Africana ou andamos ai a "porrada" entre nos e a insultarnos por mais 35 anos se calhar,

A questao que coloco 'e, considerando que o sistema ja caiu, a farsa je 'e conhecida, porque os detentores do poder nao ensaiam uma mudanca real, e nao tentam provavelmente sair pela porta grande, a mantem-se teimosos numa que todo o mundo 'e cego ? os riscos duma accao de teimosia actual sao extremamente altos para os detentores do poder, e nao sei mesmo se os ganhos vao continuar a compensar por mais tempo,

Por mim, deviam experimentar "libertar" os centros de producao do saber, permitir a criacao dum sistema de ensino Nosso de Origem e testar a emergencia de pensamentos Africanos ou Mocambicanos, alias repito, ai esteve o Grande Merito da frelimo do Machel, sem querer dizer que tudo foram rozas, 'e verdade que o comunismo nao serve para nos, a guerra nao 'e opcao, experiencia e lucidez do que foi Bem feito nos temos e deviamos aproveitar.

V. Dias disse...

Correcto Karim,

Até aqui de acordo. Mas quando enfatizas a questão da SADC aí fico sem entender nada.

Dizes: " Mocambique muito influente na SADC". Que influências são essas? O que é que a SADC pode fazer para tirar o país da miséria? Achas que a SADC tem algum impacto sobre Moçambique?

CPLP, há dias uma colega minha de Relações Internacionais defendeu que a que CPLP são apetites de Portugal e do Brasil. O resto anda na caravana sem saber porque lá está. É verdade que há apoios directos de Portugal no âmbito da CPLP a países como Moçambique, Angola, STP, etc. Mas depois ficamos a saber pelo Assange que nesses negócios há luvas.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Selecionador,

Nao 'e SADC que influencia Mocambique, mas Mocambique tem grande influencia na SADC, e essa influencia deve-se ao trabalho que foi feito pela frelimo do Machel, e a diplomacia tambem do Chissano,

Mocambique tinha muita capacidade de influencia na SADC, e ate pelo curso de algumas independencias regionais, essa influencia significava vantagem, que foi de certa maneira nao aproveitada para os melhores interesses dos Povos da regiao, e ai que falhamos em parte, pois com tudo pra liderar a SADC, escolhemos seguir um "modelo" politico angolano que em todas as areas devia aprender de Mocambique,

Ou seja hoje, vemos o RSA, o Botswana afrente na democracia, e copiamos "modelos" de angola, que exceptuando o petroleo esta em todos aspectos atraz de Mocambique,

Ao invez de angola "seguir" o modelo democratico Mocambicano, temos nos a querermos "seguir" a quem esta atraz de nos.

'E nesse sentido que enfatizo a SADC, e 'e nesse sentido tambem que acho que podemos perder a opurtunidade de ser Referencia Africana, capitalizando o trabalho anteriormente feito pela frelimo do Machel,

Por isso tambem digo que estamos num "momento critico" pra inflexao, que 'e para nao perdermos totalmente a opurtunidade de assumir uma lideranca estrategica na SADC,

Mas isso passa, por uma Boa Vontade do poder politico, e analise estrategica que so governo tem o poder de decidir, claro que as Mudancas deviam ser reais, e nao cosmeticas, porque o momento 'e critico e cosmetica ja deu o que tinha a dar,

Nao sei o governo esta disposto sequer a tentar, mas podera ser uma opurtunidade totalmente perdida, se pensarmos pequeno e individual.

a tua questao nao seria o que a SADC pode fazer pra tirar o pais da miseria, mas deveria ser, o que Mocambique poderia fazer para garantir a manutencao da influencia na SADC e ajudar os Povos da SADC a melhorarem a sua condicao social, e apartir dai, marcar um posicionamento de lideranca na SADC por gerar uma Mudanca regional saudavel, e entrando os nossos Chefes pra uma dimensao historica de maior e mais positiva mudanca de Africa.