A nossa concepção óptica e imediata do poder avalia-o quando o vemos, quando um determinado coágulo de poder está diante de nós, quando a augusta figura que o representa está presente em carne e osso. Poder é poder visto, poder sensorial. Dificilmente temos do poder uma concepção relacional.
Mas o poder é, também, ao mesmo tempo, em sua dialéctica, poder que se resguarda, que aspira a mais poder não por estar presente, mas por estar ausente. O poder manifesta-se ainda mais intensamente, afinal, não pela visibilidade, mas pela invisibilidade; não pela presença, mas pela ausência; não pelo que mostra, mas pelo que resguarda; não pelo que enuncia, mas pelo que pode enunciar; não pelo discurso corrente, mas pelo conjunto das nossas expectativas; não pelo terreno imediato, mas pelo sagrado faseado.
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