Escrever simples, com corruptelas, com abreviações, como que descuidadamente de propósito, é, em meu entender, um dos aspectos mais marcantes do confessionalismo digital, bem vincado, por exemplo, no Facebook. Gente com cursos superiores desce ao rés-do-chão da vida, gente que já aqui está aqui permanece, temas complexos sofrem um tratamento galhofeiro, um banho terra-a-terra, uma reinvenção de banalidade benévola. Criam-se assim ambientes tu-cá-tu-lá, íntimos, informais, naturais, professados sem problemas pelos membros de cada grupo de chat, cheios do estimulante Like e da adição sem pausa de ciberamigos, de fonismos do tipo eheheheheh ou kkkkkkkkk ou rsrsrsrsrs, adubados pelos anglicismos, etc.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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