"Halimi faz um livro devastador, porque simplesmente retrata como são produzidas as informações e as interpretações a favor do poder e da riqueza. “Reverência diante do poder, prudência diante do dinheiro...”- resume ele, que revela as tramas de cumplicidade e de promiscuidade entre a velha mídia e os poderes economicos e políticos. E, também, como esses empregados das empresas de comunicação se promovem a si mesmos, alegremente, numa farsa de fabricação de opinião publica – expressão de Chomsky – de forma oligárquica e elitista." - com o título em epígrafe, um trabalho de Emir Sader, aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
5 comentários:
E aqueles aqui da terra?
Por vezes são vários e o pessoal não consegue dormir...
Ainda que na maior parte das vezes Emir Sader acerte na mosca, é alguém que deve ser lido com cautela, na medida em que está organicamente ligado à estratégia política do governo do PT no Brasil (o que significa dizer, faz parte de uma aliança política que abriga cores ideológicas dos mais diversos matizes e está longe, portanto, de ser um governo de esquerda como muitos querem fazer crer por aqui, até para domesticar as reais demandas mais à esquerda).
Não é o caso deste texto, que, a meu ver, acerta em cheio em questões importantes.
Mas recentemente, quando da visita da presidente Dilma ao Haiti, Sader produziu um texto que, no mínimo, se utiliza das mesmas estratégias torpes de manipulação dos fatos para justificar um fim. Refiro-me à defesa da posição mais do que duvidosa que o governo brasileiro tem no Haiti: não só participa ativamente da missão de "proteção aos civis" da ONU, como também ficou se posicionou ao lado de Estados Unidos, Canadá e outras potências para impedir que Jean-Bertrand Aristide retornasse ao Haiti a tempo de, eventualmente, influir - ou mesmo participar - das últimas eleições presidenciais.
A meu ver, o papel do Brasil no Haiti é uma vergonha, por tudo que Jen-Bertrand Aristide representa.
E exatamente por isso, é algo que aqui no Brasil é completamente abafado, e quase nada se lê a respeito.
E quando se lê, são distorções como a que Emir Sader opera (e quem se atreve a criticar Emir Sader aqui no Brasil?)
O artigo sobre o Haiti a que me refiro é este.
Obrigado pelo reparo.
Eu é que agradeço a oportunidade.
Que a minha crítica não invalide a importância da questão trazida por Sader a propósito do livro de Halimi.
Mas é que não podia deixar de fazer esta observação na medida em que Sader opera (ou pelo menos operou, naquele artigo sobre o Haiti a que me referi acima)exatamente da forma que críticas como a de Halimi denunciam, o que, em última instância, só reforça a importância do tema.
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