As pessoas podem não saber, tecnicamente falando, muitas coisas que nós outros sabemos, tal como nós outros não sabemos, tecnicamente também falando, muitas coisas que elas sabem. O nosso conhecimento não pode ter a veleidade de ser superior ao dos outros e muito menos de transformar o conhecimento dos outros em desconhecimento. Em 1998, por exemplo, no decorrer de uma pesquisa que dirigi sobre as primeiras eleições autárquicas do país*, um dos membros da minha equipa de Sofala observou o seguinte: "Contra toda a expectativa difundida pelos políticos, de dizer que o povo é de Cabeça de Galinha, isto é, tem memória curta, o povo na realidade não é isto. O povo pensa correctamente. Tem é impotência. Tem é medo de represálias. É um povo que vive legados culturais de seus ancestrais. Apesar do ambiente turvo que se caracteriza pela grave degradação moral na juventude e crianças, alguma coisa ainda persiste: esperança, bom senso e ponderação misturada com certo pragmatismo para, apenas, atender os condicionamentos da época em que vive." E um dos membros da equipa de Nampula: "Com ou sem educação cívica, as pessoas sabem o que se está a passar."
*Serra, Carlos (dir), Eleitorado incapturável, Eleições municipais em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária,1999, p. 195, 354 pp.
2 comentários:
Mas os políticos não é assim que pensam.
Bom senso, Senso comum ... São atributos do Ser Racional, não necessariamente e nem sempre do Sr Doutor.
A Lógica é enriquecida pelo estudo mas ela deriva do funcionamento da própria Natureza.
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