Entre escárnio e resignação, passantes largam frases compensatórias: "Ali vão os bois! (em Xangaan: A ti homo!)". Há quem acrescente: "Para o matadouro! (A thomo tiya kudlayiwene)"
Número anterior aqui, número inaugural aqui. Escrevi no número anterior que as expressões de desânimo e conformismo eram também habitadas pela síndrome do mylove. Eis uma hipótese: submetida (o) a um uso prolongado do mylove - mera carrinha de caixa aberta -, a utilizadora ou o utilizador acaba por o ter como útil e, até, pode suceder, como amigo. Transporte pobre, malandro, ofensivo, negador da condição humana, mas amigo. Sem ele não chegaria ao serviço, sem ele não iria à escola. Assim se pode criar uma atracção secreta, irremediável e perversa, uma amnésia de sobrevivência, espécie de servidão voluntária à La Boétie. [foto reproduzida daqui].
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