Número inaugural aqui. Número anterior aqui. Coloquemos agora o doente A na perspectiva da epistemologia popular. Qual é o problema? O problema é que um espírito incomodado o perturba. É o problema individual? Não, o problema não tem a ver com o doente em si, mas com uma família, pode mesmo ter a ver com uma comunidade. Estamos, então, numa sociedade de universos múltiplos. Socorrendo-me de uma formulação do sociólogo húngaro Norbert Elias, a pergunta não é: o que é que provoca o problema? Mas, antes: quem é que provoca o problema? A etiologia muda, o fenómeno tem a ver com a intencionalidade das forças do invisível (invisíveis, sim, mas supostas vivas), o mestre chamado não é o psicólogo ou o psiquiatra, mas o gestor dessas forças. Surge, então - permitam-me o termo -, a espíritoterapia.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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