Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
31 dezembro 2017
30 dezembro 2017
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1251, de 29/12/2017, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.
29 dezembro 2017
Acontece
Acontece, muitas vezes, que quanto mais viajados e mais permeados pelo mundo e pelo bem-estar somos, mais tendência temos para defender a aldeia que já não habitamos (se é que algum dia a habitámos mesmo) e para tentarmos convencer os outros de que existem tradições rígidas, com fronteiras nítidas, impermeáveis às mediações.
28 dezembro 2017
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [10]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Finalizo a trágica história dos leões de Muidumbe. Assim, as figuras do Estado, a figura do comerciante (acusado de usar a magia para enriquecer), figuras do bem-estar, surgiram aos olhos dos camponeses empobrecidos, em meio à sua privação, como intrusos perigosos, como a substância plena de uma alteridade subversiva, desestabilizadora.
Uma linguagem errada e criminosa para traduzir um problema real, o da privação.
Uma linguagem errada e criminosa para traduzir um problema real, o da privação.
27 dezembro 2017
26 dezembro 2017
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [9]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Prossigo na trágica história dos leões de Muidumbe. Estamos perante uma crença irracional? De um certo ponto de vista, sim. Irracional e criminosa. Mas do ponto de vista dos empobrecidos habitantes de Muidumbe, não. O fundamental a reter aqui é que os principais acusados de comandar os leões à distância eram figuras do Estado ou a ele associadas ou associadas ao “bem-estar” acima da média local (o comerciante, por exemplo).
Numa situação de crise, de eclipse do social, os pobres chacinaram outros pobres mas culparam os "ricos" pelo mal-estar e pelas privações. Através desse dramático paroxismo contraditório quiseram mostrar que o Estado se afastara deles, que não atalhou o mal a tempo.
Numa situação de crise, de eclipse do social, os pobres chacinaram outros pobres mas culparam os "ricos" pelo mal-estar e pelas privações. Através desse dramático paroxismo contraditório quiseram mostrar que o Estado se afastara deles, que não atalhou o mal a tempo.
Uma página de ironia no Faísca do Niassa
Existe no Faísca [jornal editado em Lichinga, capital provincial do Niassa] uma página de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "Kucela" [em Yaawo, kucela significa amanhecer]. Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Jornal na íntegra aqui. [amplie a imagem abaixo clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato].
25 dezembro 2017
Uma crónica semanal
24 dezembro 2017
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [8]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Prossigo na trágica história dos leões de Muidumbe. Foram chamados os curandeiros para aplacar o mal. Mas as mortes aumentaram de número. Entretanto, dois caçadores vieram muito tempo depois, meses depois, após montes de burocracia de permeio finalmente vencida (a sede da administração distrital não possuía uma única espingarda): os leões foram abatidos, pânico e chacina terminaram.
23 dezembro 2017
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1250, de 22/12/2017, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.
22 dezembro 2017
Próximos seis livros de uma coleção [4]
Contracapa não definitiva, número anterior aqui. [há um espaço em branco no resumo temático da contracapa que será eliminado]. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.
21 dezembro 2017
Este mágico aparelho sem fio
Pertenci a um tempo no qual, em certas zonas rurais do país, se fazia uso do telefone das cavilhas e da manivela: colocava-se a cavilha num número do quadro, dava-se à manivela e aguardava-se pacientemente que do outro lado da linha o destinatário atendesse. Por vezes, aqui e acolá, o tronco de árvore que sustentava o fio mágico do telefone ardia com alguma queimada feita pelos camponeses. Então, de nada valia dar à manivela. Hoje, como é mágico este pequeno aparelho sem fio, sem cavilhas, sem manivela, sem o problema do tronco queimado, cheio de coisas e funções fantásticas, havido por natural, instantâneo, ao qual chamamos celular e em cuja órbita nascemos e vivemos, sem nos apercebermos de quão longa é a história física, química e matemática que está à sua retaguarda, de quão social é o seu natural!
20 dezembro 2017
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [7]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Prossigo na trágica história dos leões de Muidumbe. Todavia, os principais acusados de comandarem os leões à distância eram pessoas bem distintas: o administrador distrital, os régulos, membros do partido no poder, um comerciante, etc. O administrador foi acusado de ter sacos de dinheiro, de possuir um helicóptero silencioso e invisível, de fazer negócios estranhos com os “brancos”. Um doente mental foi também acusado, coisa anómala. Todavia, essa figura pertencia igualmente à família perturbadora da alteridade da crise.
19 dezembro 2017
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [6]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Prossigo na trágica história dos leões de Muidumbe. Acontece, porém, que os habitantes não tomaram em consideração esses problemas do meio-ambiente e acharam que os leões eram magicamente comandados à distância por outros seres humanos ou que eram pura e simplesmente pessoas encarnadas em leões. Impotentes, habitantes enfurecidos deram então curso à catarse, espécie de rito de purificação social total, linchando 18 dos seus compatriotas, acusados de participarem no comando.
18 dezembro 2017
Uma crónica semanal
17 dezembro 2017
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [5]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Prossigo na trágica história dos leões de Muidumbe. Na altura havia fome nesse distrito de agricultura de subsistência à base de milho e com 60% de analfabetos. Campeava a seca. Mas não só: a guerra civil afastara as pessoas da região durante alguns anos. Finda a guerra, elas regressaram e encontraram um ecossistema onde os animais viviam, onde os leões tinham antílopes para comer. O regresso dos humanos desarticulou o habitat dos animais, os antílopes afastaram-se. Os leões passaram a caçar, então, os humanos.
Um prisma sobre Moçambique
Um prisma sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon referente à próxima eleição autárquica em Nampula com 03 páginas, a conferir aqui.
16 dezembro 2017
Próximos seis livros de uma coleção [1]
Capa e contracapa não definitivas de um livro a editar pela Escolar Editora [será colocado um ponto de interrogação no fim do título]. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato.
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1249, de 15/12/2017, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.
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