07 setembro 2012

Morte dos blogues moçambicanos? (16)

Décimo sexto número da série, com sumário proposto aqui. Prossigo no segundo ponto do sumário, sempre trabalhando com hipóteses, abordando o medo, umas das razões do anonimato2. Anonimato/medo. Incerteza, ameaça e acaso podem constituir razões por que tornamos anónima a nossa presença digital, sejam quais forem os níveis de intervenção: blogues, redes sociais e comentários. Anónimos, atrás de uma cibermáscara, sentimo-nos fortes e protegidos em permanência contra situações de risco variado. Prossigo mais tarde. Imagem reproduzida daqui.
(continua)
Adenda: a heteronomia literária não é necessariamente um exercício de medo. Talvez venha a analisá-la.

10 comentários:

Salvador Langa disse...

Ora então bom dia, entrei cedo aqui e ainda não havia posts, afinal entraram mais tarde do que é habitual. Sobre os "cybermascarados", são mais do que os cogumelos.

TaCuba disse...

E depois há aqueles que respondem aos mascarados que se fartam de rir...

ricardo disse...

E como e evidente, tambem ha cybermascarados de democratas ou de academicos que por acaso ate trabalham nas horas vagas no numero 49 da Antonio Bocarro.

Assim como num certo passado, onde nao haviam blogues ou redes sociais, haviam Amades Chamisses, muito atentos as ofensivas politico-organizacionais, que por acaso, ate se correspondiam frequentemente com outros tantos inocentes e incondicionais conselheiros politicos do regime.

Mas como eram dos "nossos". Eram patriotas...

BMatsombe disse...

Estilo alambicado, cheio de coisas vagas, também é máscara.

nachingweya disse...

O anonimato pode servir apenas para manter discrição e não necessariamente para vilipendiar. O próprio papa João Paulo II escreveu sob pseudônimo antes de ser papa.

Anónimo disse...

Tudo se aprende. E certas coisas nos aprendemos melhor que outras, sobretudo quando as aprendemos na pratica. Nos aprendemos a ser anonimos. A nao dizer as coisas de frente. Isso se aprende na escola. Aprende/se a nao dizer a verdade, sob pena de punições de vários tipos, desde a ostracisação até a pnições corporais. De que nos admiramos? Se muitos de nós assim ensinamos os nossos filhos?
Se a gente quer poder falar livremente tem que optar pelo anonimato. Assim podemos dizer o que pensamos, sem o medo de sermos vaiados, ostracisados e punidos... E assim vive a nossa sociedade.
É mau? Sim, para o todo, para o colectivo é mau, mas para a pessoa que não quer sofrer vexames, nao quer parecer ignorante, nao quer levar uma surra (mesmo que virtual) é melhor assim. Nos quase nunca discutimos ideias, mas sim pessoas.
Um grande abraço anonimo!

nachingweya disse...

Concordo com o sr(a) Anónimo em alguns aspectos, sobretudo naquele em que transmitimos o anonimato aos nossos filhos como factor vital de segurança (são poucos, muito poucos os que não sentiram na saúde ou na carreira os efeitos dos invisíveis tentáculos do SNASP). No entanto continuo a pensar que quando são o medo ou a vergonha dos efeitos da nossa opinião que motivam o anonimato então a nossa opinião é ou uma opinião cobarde ou o meio em que ela pode ser pertinente é um meio lesivo à liberdade de opinião, ainda que uma opinião constructiva em prol do Bem Comum.
Da mesma forma que a ocasião faz o ladrão o meio educa para o anonimato.

ricardo disse...

O que nao impede qualquer um de perguntar se teria o prof. Noa concedido uma entrevista tao pouco ANONIMA ao jornal SAVANA se fosse apenas docente da UEM/UP/ISRI?

Teria...mas logo se perceberia porque nunca o faria.

Anónimo disse...

Entao vejamos: Sempre se diz que a oposição não participa nas festas da Republica com a Frelimo. Ontem o MDM foi festejar em Manica e o que aconteceu? Levaram uma surra... e a coisa ainda não acabou... Dizem que é por trazerem bandeiras do seu Partido, mas a questão é muito mais profunda: é por serem diferentes, e por quererem mostrar que o são. Por serem da oposição. Isto chama-se intimidação...
Querem mais exemplos? Ai vai mais um: o Canal de Moçambique reportou que no Gilé os trabalhadores da Saude foram descontados para o Congresso. O Director, segundo o jornal disse que todos foram descontados (aliás esta nao é a primeira denuncia do caso. Em Nampula já foi reportado caso identico e foi imeditatamente desmentido pelos que têm direito a ser não anonimos, porque têm toda a protecção das "autoridades"). Alguem mais denunciou. Não todos preferiram queixar-se em surdina, dentro das suas casas... Este é o verdadeiro anonimato, o anonimado do sofrimento... Mais... Pois á mais e muitos mais exemplos, mas melhor parar por aqui...
Concordo que isto não ajuda, assim as coisas vão perdurar como estão, mas... quem põe o guizo ao gato?

nachingweya disse...

...' o anonimato do sofrimento'
Parabéns por estas palavras que dizem tudo, Sr(a) Anonimo(a).
Quando este tipo de anonimato se cansa os sistemas não compreendem o que aconteceu a estes 'ninguéns' e dizem que tomaram muti quando apenas se cansaram de sentir medo.