13 setembro 2012

Apartheid não tem raça: massacre de Marikana (19)

"Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem" (Bertolt Brecht).
Décimo nono número da série, crédito da imagem aqui. Escrevi no número anterior que algo mudou. A "acção afirmativa" é a mudança ocorrida na pele do sistema, mantendo-se o corpo anterior. Por outras palavras: o sistema mantém-se, a cor é, apenas, um episódio. A síndrome de Marikana parece ampliar-se, das minas de platina passa-se às do ouro. Nos canais de comunicação habitualmente conservadores, os mineiros são considerados o rio violento por natureza. As margens que os comprimem, essas são tacticamente postas de lado. Prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: confira aqui.

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Ora aqui está exploram-nos e depois dizem que são violentos.

ricardo disse...

Com uma diferenca. O Apartheid retirou uma comunidade inteira (afrikaaner) da marginalidade social e projectou-a para o poder. Ja o "affirmative action" projectou uma parte da comunidade negra para o poder e nivelou ainda mais uma boa parte desta e criou uma "mentalidade fortaleza" em todas as outras.

Portanto, eu nao diria que o corpo seja o mesmo, mas sim, o que resta da sua alma.

nachingweya disse...

Custa-nos perceber que a pior negação de liberdade promovida pelos sistemas opressores foi o impedir-nos o acesso à educação.
Pão? Com deficit ou não sempre nos foi proporcionado, senão não viveriamos. Mas onde buscamos nós a recompensa através do affirmative action? Justamente no pão que sempre comemos e não na educação de que sempre carecemos.