Quando dizes que a tua "raça" é tão válida quanto as "outras" e por ela e para ela crias dias, festas e símbolos, mais não fazes senão alimentar os trilhos do racismo no preciso momento em que julgas combatê-lo. Quando em outrem vês não uma pessoa mas uma "raça", estás absolutamente prisioneiro do quadro mental do racismo, por mais puras que entendas serem as tuas acções e por mais suave que seja a tua linguagem. Em cada defesa racial viaja, sem parar, tenaz, o barco do racismo. No fundo, não é a "raça" que gere o racismo, é este que gere "aquela". Ao manteres e defenderes as relações sociais que a cada momento racializam o social, o teu combate contra o racismo é apenas uma ilusão, uma aspirina que, momentaneamente, atenua a dor racial, mas não a cura nem a curará.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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