Outros elos pessoais

31 maio 2009

Índice de instabilidade 2009/2010


Dos 165 países avaliados pelo Political Instability Index (do Economist Intelligence Unity), quase metade apresenta risco alto ou muito alto de ameaça aos governos devido ao protesto social. O nosso país foi classificado no 96.° lugar, com risco moderado cotado em 5.7. O Zimbabwe é considerado o país de maior risco. Confira a metodologia usada aqui. Clique com o lado esquerdo do rato sobre o mapa para o ampliar. Obrigado ao Ricardo, meu dedicado correspondente em Paris, pelo envio da referência.

Disponível novo questionário

Tal como prometido, o antigo questionário foi há momentos substituído por um novo, a conferir do lado direito deste diário, com o título Desenvolvimento e riqueza (registo de percepções), logo a seguir ao mural de recados.

A delinquência académica

Permitam-me convidar-vos, caros leitores, a ler uma entrevista dada em 1978 (acontece muitas vezes que os temas mais antigos são os mais actuais) à Folha de São Paulo, com o título em epígrafe, pelo Professor Maurício Tragtenberg, sempre irreverente e sempre jovem: "A universidade está em crise e isso ocorre porque a sociedade está em crise. O tema é amplo, abrangendo a relação entre dominação e saber, a relação entre o intelectual e universidade como instituição ligada à dominação, ou seja, a universidade anti-povo. A universidade não é uma instituição neutra, é uma instituição de classe onde as contradições de classe aparecem. Para obscurecer esses fatores ela desenvolve uma ideologia, um saber neutro, cientifico, quer dizer, a neutralidade cultural e o mito de um saber “objetivo” acima das contradições sociais. Isso se acirrou a partir de 1964, quando a Universidade foi praticamente apartada da realidade, se encastelou. Nesse momento surgiu a figura do intelectual burocrata, do funcionário intelectual, que mais reproduz do que produz conhecimento próprio. Hoje a universidade forma a mão-de-obra destinada a manter nas fábricas o despotismo do capital. Nos institutos de pesquisa cria aqueles que deformam dados econômicos em detrimento dos assalariados. Nas escolas de Direito forma os aplicadores de legislação de exceção. Nas escolas de Medicina aqueles que irão convertê-la numa medicina do capital ou utiliza-la repressivamente contra os deserdados do sistema. Em suma, trata-se de um “complô de belas almas” recheadas de títulos acadêmicos, de doutorismo substituindo o bacharelismo, de uma nova pedantocracia, da produção de um serviço do saber."

Kumba Yalá agora Mohamed Yalá Embaló

Regressado à Guiné-Bissau, o ex-presidente e homem do barrete vermelho, Kumba Yalá, "exprimiu-se confiante na sua vitória nas eleições presidenciais antecipadas previstas para 28 de Junho próximo". Explicou por quê: não tem adversário político nesta "arte muito complexa" que é a política.
É num país conturbado, de múltiplos assassinatos políticos, havido como corredor da droga (leia aqui e aqui) e onde o presidente Nino Vieira foi há tempos assassinado, que Yalá vai, uma vez mais, tentar a chance presidencial, Yalá que em Julho do ano passado mudou de nome e de religião. E é na Guiné-Bissau que o agora chamado Mohamed Yalá Embaló, ex-professor de Filosofia, fez publicar um livro com o título Os pensamentos políticos e filosóficos (Bissau: Editora Escolar, 2003) e no qual escreveu coisas como esta: "A beleza de uma mulher elegante, é a atrapalhação do cabrão do macaco da Indochina!" (p.51). Mas mais: "A liberdade mental deve ser da autoria do próprio indivíduo"; "O comprido é a negação do curto, bem como o alto o é em relação ao baixo, que assim se apresentam com a igualdade de posição de relatividade"; "O não tempo é o tempo que não pode ser tempo, com o tempo".

Encher cofres em poucos instantes

Com o título (a seis colunas) "Ruínas e bairros da lata dão lugar a hotéis de luxo" e ocupando as centrais, o semanário "Domingo" tem hoje um trabalho da autoria de José Rungo. O projecto Arco Norte tem em vista injectar um bilião e duzentos milhões de dólares - vou citar o jornal - "na construção de hotéis e parques de diversão de alto padrão na cidade de Pemba e na Ilha do Ibo. Para Nampula e Niassa os valores são outros, mas também reconchudos. (...) Se o Arco Norte for materializado como está escrito nos documentos a que tivemos acesso, Pemba e Ibo vão virar zonas chiques de doer." Há vários candidatos - entre os quais a Fundação Joaquim Chissano -, interessados em transformar Pemba e Ibo - vou de novo citar - "em destinos turísticos de alto padrão e que possam gerar rendimentos de encher cofres em poucos instantes". Pormenor: "(...) cogita-se que quando esta máquina estiver afinada e a funcionar em pleno vai gerar receitas na ordem de 700 milhões de dólares anuais" (pp. 20-21, itálicos no original.
Adenda 1: se no tocante ao avanço do projecto tudo correr também em poucos instantes, gente (pescadores, simples habitantes, gente pobre da terra) vai ter de sair dos locais onde as construções do turismo de luxo vão surgir, tema abordado pelo jornalista Rungo. E sair em não menos instantes.
Adenda 2 às 11:56: a reportagem é omissa sobre quantas pessoas terão de ser desalojadas, ainda que o jornalista tivesse escrito que "há que tomar muitas precauções para evitar tumultos sociais resultantes do descontentamento associado às indemnizações" (p. 20). Mas a reportagem é prolífica em dados do género: "A robustez dos números abarca ainda a quantidade de turistas esperados que, segundo dados em nosso poder, vão ascender os 500 mil por ano, ou simplesmente 41 mil turistas por mês". Ou: "(...) só no bairro Chuíba vão nascer 14 hotéis com um total de 2000 quartos e apartamentos individuais com 1000 quartos, todos eles dotados de espaços que vão desde cinco a 25 hectares". Etc.

Degustar

Dei por ele primeiro num jornal a propósito de um anúncio publicitário, ouvi-o hoje na Rádio Moçambique a propósito igualmente de um anúncio. De que se trata? Do verbo degustar. Timidamente, sem ligação directa com o provar um vinho, parece estar a entrar no nosso vocabulário.

Guebuza e Simango em comícios hoje

Neste momento e na sequência da sua visita à cidade de Maputo, o presidente Armando Guebuza orienta um comício no Bairro de Magoanine C, periferia da cidade. Às 14:30, deverá ser a vez de Deviz Simango, presidente do MDM, no Bairro de Mafalala, após ter inaugurado a sede do partido na cidade de Maputo (a Rádio Moçambique - RM - referiu ambos os fenómenos hoje, no noticiário das 12:3o).
Adenda 1: a RM também deu voz hoje ao presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, que afirmou que em Nampula está não a sede do partido, mas a residência do presidente do partido, ele mesmo. Acrescentou que "os Macuas são Renamo"(sic, fazendo referência às muitas pessoas presentes num comício seu).
Adenda 2 às 20:01: a RM não fez nenhuma referência ao anunciado comício de Deviz Simango no seu noticiário das 19:30.
Adenda 3 às 20:12: alguém acaba de me informar que, de acordo com a STV, Simango não esteve no comício, quem esteve foi o delegado do MDM em Maputo.

Emails, sms e blogs: armas políticas no Irão

No Observatório da Imprensa: "Jovens iranianos estão sendo bombardeados com mensagens de texto via celular e e-mails incentivando o comparecimento às urnas no dia 12/6, a fim de evitar que o presidente Mahmoud Ahmadinejad seja reeleito, noticia Parisa Hafezi [Reuters, 27/5/09]. "Se você planeja não votar, pense apenas no dia 13/6, quando ouvir que Ahmadinejad foi reeleito", dizia uma das mensagens SMS. "Vote por [Mirhossein] Mousavi e envie este texto para dez outras pessoas, ou você terá pesadelos", brincava outra. Pela primeira vez, e-mails e blogs estão desempenhando um papel fundamental em um país mais acostumado a receber mensagens políticas por meio de carros com alto-falantes, cartazes e comícios. O governo, cujos centros de apoio se localizam nas áreas rurais e pobres, está contra-atacando, enviando também e-mails e SMS – só que elogiando as realizações de Ahmadinejad." A propósito do papel da internet na campanha presidencial de 2008 nos Estados Unidos, leia aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio das referências.

Homo Sibindycus

Pela voz do bem-amado Homo Sibindycus e através do "Notícias" de hoje, ficamos a conhecer o manifesto eleitoral do partido PIMO, dito "bloco de orientação construtiva". É um manifesto cheio de ideias originais, do género: terra e mulher constituem pólos de luta contra a pobreza, necessidade de reservar água com barragens e diques, três campanhas agrícolas anuais, atracção do capital financeiro, etc.

Mídia e relações políticas (1)

"E se você tiver cursado boas escolas, como eu cursei e você também, a sua história foi sendo moldada para a obediência. Para a maioria da população, a educação é uma forma de colocá-la no seu nicho na sociedade e de fazer com que elas não causem problema. De fazer essas pessoas prestarem atenção em outra coisa - esporte, moda, comédias, mas não nos perturbe. Por exemplo, o fenômeno Bill Gates e seus planos para a Internet. Se as pessoas estiverem sentadas na frente de seus computadores, apertando botões para satisfazer formas artificialmente criativas, você não precisa se preocupar." - Noam Chomsky
Na nossa sabedoria espontânea, a mídia é fundamentalmente apenas um conjunto de três coisas: informação, crítica e recreação. Como consumidores, dedicamos bastante tempo a avaliar se a informação é ou não isenta e se a recreação é ou não adequada. Porém, a mídia é também, de forma exemplar, directa e/ou indirectamente, um conjunto permanente de fenómenos que nos permite, através das múltiplas janelas que abre, entrever o funcionamento das relações políticas numa dada sociedade. O que quero dizer com isso? Quero dizer com isso que a informação veiculada pela mídia permite-nos, como num laboratório, estudar as relações Estado/cidadãos a quatro níveis:
1. Instâncias de sistemas e de regras de vida
2. Instâncias de conformismo
3. Instâncias de protesto
4. Instâncias de punição
Desenvolverei o tema com exemplos do nosso país.
N.B.: a qualquer momento posso modificar o que aqui fica escrito, assinalando a vermelho as partes eventualmente modificadas.
(continua)

29 maio 2009

"Savana" moderniza-se

O semanário moderniza-se e multiplica os campos de contacto: testa a Rádio Savana (frequência de 100.2 em FM) e está agora também no facebook. Entretanto, leia a edição desta semana aqui.

Sobre os sete milhões na Catembe



A "presidência aberta" de Guebuza prossegue, desta vez em Maputo. Tal como um pouco por todo o lado, o povo da Catembe esteve em fala aberta sobre o destino dos sete milhões ("O País" de hoje, p. 6), tema que - faz muito - consta deste diário (sobre as últimas postagens, recorde aqui, aqui, aqui e aqui). Clique com o lado esquerdo do rato sobre a segunda imagem para a ampliar.
Adenda à 20:04: no programa "Esta semana aconteceu" da Rádio Moçambique, o jornalista Fernando Gonçalves, editor do semanário "Savana", afirmou que o chefe de Estado está a resolver problemas que compete a outros resolver, aos administradores, aos governadores, aos ministros. "Isso não é bom sinal de governação" - afirmou ( 20 horas).

Cultura africana na pintura





De uma colecção em powerpoint, musicada, cuja fonte é esta:
All Posters – Espanha: corpsales@allporters.com
Obrigado à Cristina pelo envio.

28 maio 2009

Polícia e liberdade da imprensa: alvos da AI 2009 sobre Moçambique

A Amnistia Internacional (AI) divulgou hoje o seu mais recente relatório sobre direitos humanos no mundo. A organização é particularmente severa para com Moçambique no tocante ao comportamento da polícia e ao que considera ser cerceamento da liberdade de imprensa. Confira aqui e aqui, importe o relatório global aqui. Se quer ler em francês um aviso da AI sobre um eventual retorno das "greves de fome" em África, confira aqui no Le Monde.

Sábado: Deviz comicia na Mafalala

De acordo com o portal do MDM, Deviz Simango, presidente desse partido, orienta depois de amanhã, sábado, às 14:30, um comício no Bairro da Mafalala, lá onde nasceram Eusébio e Craveirinha.

2004: votaram apenas 43% dos eleitores potenciais


Aproximam-se as eleições. Creio não ser má ideia recordar os resultados das presidenciais e legislativas de 2004, com texto do Boletim sobre o Processo Político de Moçambique (número 31 - 29 de Dezembro de 2004): "A Frelimo e o seu candidato presidencial Armando Guebuza obtiveram uma esmagadora vitória nas terceiras eleições multipartidárias de 1-2 de Dezembro de 2004. Guebuza teve 2,0 milhões de votos enquanto o candidato da Renamo, Afonso Dhlakama, teve 1,0 milhão. A afluência foi baixíssima. Só 3,3 milhões de pessoas votaram (43% dos eleitores potenciais), comparado com 5,3 milhões em 1999. A abstenção incidiu sobretudo nos eleitores da oposição. Os 2,0 milhões de votos para Guebuza comparam-se aos 2,3 milhões de Joaquim Chissano em 1999, enquanto o voto por Dhlakama desceu de 2,1 milhões para 1,0 milhão. Os resultados só foram anunciados a 21 de Dezembro, ultrapassando em quatro dias o prazo legal. A eleição foi manchada por má conduta incluindo a introdução de votos a mais nas urnas, que pode ter custado à Renamo pelo menos 2 assentos parlamentares. (...) Os observadores internacionais foram altamente críticos da falta de transparência e do sistema secreto, único de Moçambique, de “corrigir” os resultados.
Adenda às 19:44: leia do Prof. Luís de Brito, o texto com o título "Uma Nota Sobre Voto, Abstenção e Fraude em Moçambique", aqui.
Adenda 2 às 19:46: erro na informação dada pelo "Savana" sobre o comício de Deviz Simango na Mafalala: é no sábado, dia 30, confira aqui.
Adenda 3 às 19:56: leia este trabalho do EISA, em colaboração com o CEP da UEM, intitulado "Formação do voto e comportamento eleitoral dos Moçambicanos em 2004", aqui.

Campanhando duro

A campanha eleitoral ainda não começou e já começou - uma sensata fórmula heracleatana. Na verdade, formalmente ainda não é a altura das campanhas partidárias e presidenciais, mas no terreno, campanhando duro, andam os presidentes de três partidos, Frelimo, Renamo e MDM. No lado da Frelimo, Guebuza não pára, ontem em Tete, hoje em Maputo; do lado da Renamo, Dhlakama esteve no Mossuril, diz o "O País" que em comício concorrido; finalmente, do lado do MDM, aquele que deverá ser o seu candidato presidencial em Outubro, Deviz Simango, deve estar neste momento em comício no popular bairro da Mafalala, periferia da cidade de Maputo.

O último editorial

No "Zambeze" desta semana: "Este é o último Editorial que esta direcção editorial do ZAMBEZE produz, porque também é a última edição que o director, Fernando Veloso, o editor, João Chamusse, e o sub-editor, Luís Nhachote, dirigem e produzem juntos ao abrigo do “Memorando de Entendimento” que desde Março de 2007 a «NovoMedia, S.A.R.L», empresa proprietária deste semanário, e a «Imprensa Livra-te, Limitada – IMPREL», proprietária do CANAL DE MOÇAMBIQUE, tinham a regular as suas relações inter-empresarias, em que à primeira cabia administrar a NovoMedia e o produto, e aos jornalistas da IMPREL dirigir e produzir editorialmente o Semanário Zambeze, em nome da «NovoMedia, Sarl», com a possibilidade da «NovoMedia» poder dispor de material editorial do Canal de Moçambique, sem custos adicionais."

Mouzinho abre a presidência aberta

O jornalista Mouzinho de Albuquerque pegou na "presidência aberta" e decide vê-la pelo seguinte ângulo em Nampula: "Não sei se o Presidente da República, Armando Guebuza, sabe ou não, mas o que se tem assistido de forma continuada, apesar de protestos, é que das várias vezes que já visitou alguns distritos de Nampula, incluindo a capital provincial, tudo ficou parado, incluindo mercados e outros locais de interesse público, só porque se quer obrigar as pessoas a irem recebê-lo no aeroporto ou estarem presentes nos comícios que orienta. (...) Na recente visita do estadista moçambicano à província de Nampula, alguns pequenos e grandes comerciantes de um distrito considerado como um dos mais pobres da região e que por causa disso deveria desenvolver esforços para inverter o cenário, escalado pelo Chefe do Estado, ficaram revoltados devido ao facto de as suas barracas e lojas terem sido encerradas, porque alegadamente as pessoas tinham que ir obrigatoriamente ao comício."

A morte banalizada

Quem estiver atento à secção das "ocorrências" do "Notícias", verificará a frequência alarmante com que surgem notícias como esta: "Um corpo sem vida e em estado avançado de decomposição foi encontrado nas primeiras horas de ontem no bairro de Luís Cabral, na cidade de Maputo. (...) presume-se que o malogrado tenha sido vítima de ofensas corporais, dado os ferimentos que o corpo apresentava".
Adenda: a morte tornou-se banal na periferia da cidade de Maputo. E, regra geral, não se conhece a identidade do morto.

27 maio 2009

A propósito de peixe

Hoje, ao almoço, cheirou-me francamente a peixe, aquele cheiro forte, atacante, enjoativo, que detesto mesmo quando me delicio com o saboroso pende lá de Tete, minha terra. Mas que peixe me narinava? Postas, nada peixemente configurado, nada de escamas, apenas o ícone, milimetricamente cortado, postado. Assim é com muitas coisas. Compramos bife, memória distante do boi ou da vaca. Compramos pernas de galinha, coisas assim. Lembro-me de em 1982 ter ficado horas numa longa bicha (fila indiana) para, em Moscovo, visitar, por insistência do guia, um curral de porcos de múltiplos tamanhos. Perguntei ao guia por que está estávamos ali, em meio àquele chiqueiro sem fim. Resposta: a gente vem aqui porque queremos conhecer os porcos, deles apenas conhecemos a carne, os enchidos, perdemos as raízes rurais há muito.

E nada de Anibalzinho


Foi a 7 de Dezembro do ano passado que Aníbal dos Santos Júnior, Anibalzinho, o mais famoso criminoso do país - cabeça do bando que assassinou em 2000 o jornalista Carlos Cardoso -, fugiu, uma vez mais (pela terceira vez desde aquele ano), da prisão. Até hoje não há notícia de que tivesse sido recapturado. Uma fuga bem preparada.

Boato


Anda por aí o boato de que há um novo Código de Estrada que exige o uso de coletes luminosos - como o da imagem - e dois triângulos. É boato, nada disso é verdade, não há novo código, é ilegal qualquer multa invocando a obrigatoriedade. Mas a cidade de Maputo tem, agora, muito vendedor de coletes e de triângulos.
Adenda 1: seria fascinante saber qual a intenção ou quais as intenções que deram origem ao boato.
Adenda 2 às 18:30: bem, vamos lá ver uma hipotezinha perversa. Mercado informal, agressividade comercial crescente, o boato pode ser uma bela alavanca para negócios rápidos, espertamente empreeendedorais, a internet e o celular aí estão para darem um empurrão instantâneo. O certo é que vendedores de triângulos e de coletes surgiram rapidamente um pouco por todo o lado, sendo presumível que o negócio tivesse já dado bons resultados com a técnica do "patrão, bom preço!" E, pelo que me disseram, há conhecimento de polícias a passar multas. Uma sub-hipótese é a do boato ter à sua retaguarda uma empresa informal de sócios com perfis múltiplos. O que acham?

Garimpeiros contaminam rios de Manica



Em reportagem ocupando as centrais do semanário "Público" desta semana, o jornalista Rui de Carvalho chamou a atenção para um problema que não é novo e que tem sido alvo de outros trabalhos: a contaminação das águas do rio Révuè, na sequência da extracção de ouro pelos garimpeiros nacionais e estrangeiros (25/05/09, pp. 12.13). Aqui, neste diário, também já estive nesse campo. No "Notícias", o jornalista Victor Machirica alertou há tepos para a contaminação com mercúrio dos rios do distrito de Manica, na província do mesmo nome, afectando mesmo a albufeira de Chicamba, que é o maior centro pesqueiro da província (mas o problema é, afinal, plural, pois temos ainda de ter em conta a erosão e a degradação dos solos e a desflorestação decorrentes da mineração artesanal) - veja trabalho com o título "Chicamba contaminada com mercúrio", neste dossier aqui. Finalmente, o The Global Slociology Blog reproduz um trabalho do Der Spiegel - versão em português do UOL aqui - sobre o que se passa com o garimpo de ouro em Manica (preste atenção à referência feita ao cianureto), aqui. Fotos reproduzidas daqui.

26 maio 2009

São apenas 11 médicos - Ivo Garrido

Não são 40 (recorde aqui e aqui), mas apenas 11 médicos especialistas americanos, mas "nenhum vai trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, nenhum vai observar um Moçambicano quando estiver doente", são apenas para trabalhar em programas de saúde da embaixada americana, área do HIV/SIDA, já em Novembro eles estavam autorizados a trabalhar - ministro da Saúde, Ivo Garrido (na imagem), falando à margem de uma audiência parlamentar esta semana (Rádio Moçambique, noticiário das 19:30).

Os heróis africanos de Manuel

Tenho a desconfiança de que agora compro o semanário "Público" para ler as crónicas do Manuel Mendes (recorde a última aqui). E estou quase certo de que neste diário tem bué de gente à espera também de o ler...Bem, aí tendes a sua crónica na edição desta semana daquele semanário, já à venda (clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar):

Mais desastres

O nosso país poderá sofrer mais desastres naturais e epidemias no futuro. Saiba por quê aqui.
Adenda às 22:13: confira um texto em português, saiba por exemplo os riscos que Beira e o litoral de Maputo correm, aqui.

Portal bom, investidor atraído...

Parece que saber organizar informação nacional num bom portal é condição importante para atrair investidores. Confira aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
Pedido: Elísio Leonardo, o que você acha? E seria você capaz de analisar os portais do governo nesse sentido? Por exemplo, este aqui.

Luta pelo Oceano Índico

Nas próximas décadas, Estados Unidos, Índia e China disputarão as estratégicas águas do Oceano Índico. No que nos toca, é por ele que saem - e continuarão a sair -, por exemplo, a madeira e o carvão. Confira aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.

Uma vez mais Renamo adia seu congresso

De acordo com a Rádio Moçambique e pela voz de Fernando Mazanga, o partido Renamo anunciou hoje em conferência de imprensa ter adiado o seu congresso para data indeterminada, congresso que estava previsto realizar-se em Nampula nos dias 1/2, onde o MDM também vai realizar o seu Congresso Nacional a partir do dia 6. O porta-voz afirmou que o adiamento tinha a ver com "manobras da Frelimo", ocupando instalações da cidade de Nampula justamente nos dias em que a Renamo deveria realizar o congresso, para supostamente realizar reuniões, deixando a Renamo sem possibilidades de se instalar. O porta-voz da Frelimo, Edson Macuácua, afirmou que era falso o que Mazanga tinha dito. O problema - disse - é que a Renamo não está em condições de realizar o congresso (noticiário das 12:30).
Creio que esta é a terceira vez que, este ano, o partido adia o seu congresso.
Adenda 1: vamos agora ver se o MDM mantém as datas do seu encontro. Se as mantiver, se o encontro se realizar - estando previstas algumas centenas de participantes -, então provavelmente será necessário interrogar o argumento da Renamo.
Adenda 2 às 14:07: alguém acabou de me dizer que o MDM não vai adiar o seu conselho e que não falta espaço aos seus membros seja para se reunirem, seja para se alojarem. Logo, o problema da Renamo deve ser outro.
Adenda 3 às 15:30: a Renamo ainda não alterou o que no seu portal escreveu no dia 22, a saber: "Vº CONGRESSO DA RENAMO A Comissão Política Nacional da RENAMO, adiou a realização do Vº Congresso de 1, 2 e 3 de Junho para 11, 12 e 13 do mesmo mês, a fim de permitir melhor preparação das conferencias Distritais e Provinciais."

Moçambicanos não sabem comer? (5)

Termino esta série.
Vejamos agora o segundo problema mencionado no número anterior.
A televisão, especialmente a televisão, é um canal que exige da parte de quem nele é entrevistado um grande controlo sobre as emoções. A empatia, a sinergia criada, ambiental, são de molde a dar rédea solta ao facilitismo, à expressão brejeira, à generalização brincalhona, à busca jocosa do exotismo, etc.
Ora, o programa aqui em causa apresenta uma maneira - ligeira, generalizante, substancialista - de tratar dos hábitos culinários do nosso povo que pode chocar várias pessoas, como chocou. Dizer que os Moçambicanos não temperam a comida é um produto da ligeireza; dizer que apenas os homens comem carne, é outra. Isso pode cair bem no Brasil (suscitando piedades do género "coitados dos Africanos, precisamos mesmo ajudá-los"), mas aqui cai mal.
Quero, porém, acreditar que essa não foi nem é a intenção da nutricionista Camila.
(fim)

Leões, chuva, cólera e energia nociva: trajectórias de "guerreiros" (5)

Agora, o fim desta série.
Nem sempre a educação científica consegue excluir uma característica que parece ser vincadamente humana, vincadamente partilhada: a crença de que os fenómenos são intencionalmente provocados não por coisas, mas por alguém. No nosso pensamento espontâneo, é sempre difícil aceitarmos o acaso, a ausência de intenção. A pergunta base não é esta: o que provocou isto? Mas esta: quem provocou isto?
Assim, se a chuva está amarrada ao céu é porque alguém a amarrou e esse alguém é poderoso. Se os leões e os crocodilos comem pessoas é porque alguém poderoso comanda esses animais e os usa para fins maléficos. Se existe HIV/SIDA, se existe cancro, se existem mudanças climáticas, se usamos celulares, é porque os capitalistas da Nova Ordem Mundial, bàlóii tenebrosos, assim decidiram, para tornar infeliz a nossa vida e fazê-la refém das energias negativas.
Temos então problemas de feitiçaria que importa contrariar com acções (muitas vezes criminosas) e com drogas eficazes, com mezinhas poderosas. A atmosfera, o ambiente, a sociedade, a barragem de Cabora Bassa, tudo está poluído, contaminado, sujo. É vital despoluir através de energias benéficas.
À muzic do nosso curandeiro correspondem os acumuladores de orgónio ou a orgonite dos curandeiros etéricos. São os camponeses pobres e os guerreiros etéricos, ricos? Não importa, as crenças não escolhem condições sociais e o acreditado feitiço não tem idade nem pátria. São uns mais fanáticos do que outros? Não, são simplesmente fanáticos diferentes. Todos somos fanáticos, à nossa maneira. A inteligência tem sempre à espreita os instintos da vida e a busca de compreensão para tudo. Pensamento cientificamente errado? Sim, mas socialmente útil, fazendo sentido.
(fim)

A saga dos sete milhões em Mutarara

A saga dos sete milhões - regularmente abordada neste diário - prossegue, com conteúdo crescentemente claro no que concerne aos meandros da alocação. Desta vez foi em Mutarara, província de Tete, quando da visita do presidente Guebuza: "Senhor Presidente, esta semana, várias pessoas deste distrito foram contactadas pelos membros do Conselho Consultivo no sentido de não falarmos nada sobre a gestão danosa dos sete milhões. Disseram-nos que caso falássemos pagaríamos muito caro pela nossa ousadia com agressões físicas e até nos ameaçaram de morte, mas isto não nos assusta. Formaram um clube de famílias e amigos e entre eles concedem-se empréstimos sem observância das regras”, disse Andrade, para depois acrescentar que “Nós, quando apresentamos projectos, os mesmos são simplesmente chumbados ou, então, no lugar de ser concedido o empréstimo pretendido, recebemos 5 a 10 por cento daquilo que solicitamos. Ajude-nos a combater a pobreza aqui em Mutarara”.
Adenda: aqui está um tema que vai ser um dos cavalos de batalha nas campanhas eleitorais deste ano. Por outro lado, irá faltar-nos saber da sorte daqueles que têm tido a coragem de se furtarem ao medo e aos vigilantes locais de mentes e comportamentos para colocarem de frente os problemas.

O paradoxo

Na província da Zambézia, o governo defendeu que cumpriu o plano governamental, o governador argumentou mesmo que em 100%. Porém, o presidente Guebuza "verificou que os números apresentados não reflectem a realidade que encontrou nos distritos que visitou nos domínios social e económico. É um paradoxo."
Comentário: pena que os presidentes do nosso país não ganhem o hábito de visitar as províncias de surpresa, uma vez por ano, que não façam isso fora dos programadores de percursos e dos relatórios bien para encantar. Recordem o que disse Arlindo Nazaré, no Ile.

25 maio 2009

Refinaria de Nacala avança?

Há dias o "Notícias" deu conta de que estava a ser difícil obter o financiamento para a construção da refinaria de petróleo de Nacala-a-Velha, avaliada em cinco biliões de dólares. Porém, Philip Harris, presidente da empresa americana financiadora, Ayr Logistics, assegurou que o projecto está em marcha.
Questão: não houve meio de encontrar o portal da empresa americana, o que é estranho.

Moçambicanos não sabem comer? (4)

Vamos ao primeiro problema apontado no último número desta série.
De facto, é falso dizer que os Moçambicanos não bebem leite ou não temperam a comida.
O problema é que existem múltiplos tipos de Moçambicanos consoante grupos sociais, habitat, idade, género, etc. Por outras palavras, os Moçambicanos - como os Brasileiros ou os Americanos - só existem enquanto entidade desde que determinados por variáveis como as indicadas.
Ora, a estadia de um mês num país apenas pode permitir ter uma fotografia superficial da riqueza gastronómica de um país. A gastronomia é bem mais do que uma colecção de regras e de padrões culinários: é, acima de tudo, o produto social de histórias múltiplas.
Por outro lado, comer mal ou comer sem equilíbrio nutricional não pode ser visto como característica de alguém ou de um grupo ou de um país fora de coordenadas sociais concretas e impositivas: comer bife é bom e apetecido, mas muitas vezes só se pode rigorosamente chegar ao repolho e, vez que vez, ao carapau seco.
Então, a nutricionista Camila não pode nem deve acreditar que sabe o que e como os diferentes tipos de Moçambicanos comem. Nem pode nem deve excluir que haja formas diferentes de conceber o que é bom, o que é agradável e o que é tempero.
Isso sem excluir que muitos de nós comem mal do ponto de vista do equilíbrio nutricional - como em qualquer parte do mundo - por real e social ignorância. Eu, por exemplo.
(continua)

Ministriáveis e deputáveis (3)

Vamos lá a mais um pouquinho da série.
Na realidade, este período é feito de muitas coisas, fáceis umas, difíceis outras, para os ministeriáveis e deputáveis.
Uns, os ainda não escolhidos, passam os dias roendo a alma na expectativa de que o Grande Chefe os chame, neles reconheça virtudes dirigentes sem mácula. Roendo a alma e jogando meticulosamente os jogos íngremes do clientelismo.
Outros, já escolhidos, iniciaram o período da reconversão e da recalibração plurais: tudo neles passa a ser cálculo, cuidado, controlo emocional, distância (aprendem a gerir o poder de terem Poder, a saboreá-lo), privação daquilo que os torna demasiado públicos, fúteis e expostos. Se são críticos, aprendem a ser críticos apenas pelo prisma admitido no Grande Sistema. Os olhos grandes do Big Brother vigiam-nos. Mas vale bem o sacrifício: os frutos serão bem saborosos.
(continua)

As experiências democráticas em África

O balanço das duas últimas décadas de transições democráticas em África parece ser desolador: guerras civis, ditaduras e golpes de Estado continuam a fazer a primeira página dos jornais. Todavia, as sociedades africanas, plurais e abertas, apropriam-se das formas democráticas com uma linguagem e com uma prática que lhes são próprias, tal como explica Mamadou Diouf numa entrevista. Historiador senegalês, ele dirige o Institute for African Studies da School of International and Public Affairs da Universidade de Columbia (New York). O texto está em francês. Use o tradutor situado no lado direito deste diário para o converter em inglês ou em português. Obrigado ao Ricardo, meu dedicado correspondente em Paris, pelo envio da referência neste dia especial, Dia de África.

Moçambicanos não sabem comer? (3)

Mais um pouco da série.
Em primeiro lugar, devo dizer que não ponho em causa a competência científica e a idoneidade da nutricionista. Há coisas que ela registou e que devem ser tomadas em conta. E louvo a iniciativa da FDC do convidar Camila a vir ao nosso país, assim contribuindo para que o nosso povo se alimente efectivamente melhor.
Porém, há dois problemas a ter em conta.
O primeiro: a generalização operada pela nutricionista no tocante aos nossos hábitos alimentares, tão mais preocupante quanto apenas esteve um mês em pesquisa no país.
O segundo: a ligeireza que usou para falar na televisão brasileira sobre os hábitos alimentares dos Moçambicanos.
Sobre os dois problemas escreverei no próximo número.
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Moçambicanos não sabem comer? (2)

Alertado por uma jornalista, fui ainda a tempo de ver, há bocado, um pouco, o programa da TV record referido no primeiro número desta série, retransmitido pela Miramar local. Com a inépcia que me é habitual, fiz dois curtos vídeos de cuja má qualidade peço sinceras e temperadas desculpas. Do lado direito, está a nutricionista Camila. Lamentavelmente não consegui registar passagens sobre o leite condensado (único leite usado, segundo a nutricionista), sobre a carne que é quase uso masculino ("Os homens não fazem nada") (recordem o cabeçalho do primeiro número), etc.:

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Moçambicanos não sabem comer? (1)

"Nas regiões de Moçambique que serão beneficiadas pelo programa do SESI-SP, o cardápio da população é composto, basicamente por cereais, como milho e arroz e frutas como coco e abacaxi. Detalhe: a polpa do coco é desprezada. Sem conhecimento, os moçambicanos aproveitam apenas a parte líquida da fruta. Outro alimento muito utilizado pela população local é uma folha amarga, servida crua, conhecida como cacana. “Carne é artigo raro por lá. E, quando chega à mesa, a tradição pede que apenas o homem coma. Se houver sobras, mulher e filhos, nessa ordem, podem se servir”, diz Camilla Augusto Martins, nutricionista do SESI-SP, enviada a Moçambique para desenvolver o programa. Em sua primeira viagem àquele país, em maio do ano passado, Camilla pesquisou e analisou, durante um mês, os hábitos alimentares da população. Entre os desafios encontrados, o principal deles foi criar receitas com pouquíssimos ingredientes. Outro empecilho foi a falta de energia elétrica e gás, que impede o preparo de pratos com a ajuda de eletrodomésticos como fogão, geladeira, liquidificador e batedeira. “A escassez de comida também reduz o número de refeições diárias que deveriam ser feitas e limita a quantidade e variedade de nutrientes essenciais à saúde”, diz Camilla. “ “A escassez de comida também reduz o número de refeições diárias que deveriam ser feitas e limita a quantidade e variedade de nutrientes essenciais à saúde”, diz Camilla. “Os moçambicanos só se alimentam ao entardecer. Jamais quando saem de casa para trabalhar ou ir à escola”.
Vamos lá por partes, nesta curta série com um título irritante.
Primeiro recebi cópia de uma crítica veemente enviada por um compatriota a um programa chamado "Estilo e Saúde" da TV Record brasileira, retransmitido pela Miramar local no dia 19 de Maio, crítica a propósito de comentários feitos por uma nutricionista brasileira - que terá estado no nosso país e cujo nome o autor da crítica não fixou - a propósito do que os Moçambicanos comem. Resumo: a nutricionista conhece mal o país e nada sabe da nossa gastronomia, da nossa riqueza gastronómica.
Depois, uma jornalista da Rádio Moçambique disse-me hoje quem era a nutricionista brasileira. Trata-se de Camila Augusto Martins, referida no portal da citação mais acima.
Ora, nos próximos meses, 35 mil Moçambicanos receberão aulas de 98 voluntários da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, treinados por Camila, ao abrigo do Programa "Alimente-se Bem" desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista a pedido do SESI de São Paulo. Os voluntários trabalharão com 22 receitas preparadas no Brasil do género: doce de bagaço de coco, iogurte de malambe, e puré de batata com cacana. Confira aqui e aqui.
A nutricionistra Camila esteve um mês em Moçambique, a pesquisar os nossos hábitos alimentares.
Finalmente, dizer que a Miramar está neste momento a retransmitir o citado programa da TV Record, programa que ouvi um pouco para ter o tempero que Camila disse que os Moçambicanos não sabem usar nas suas comidas.
Então, a seguir, vamos a ver algumas coisas e alguns problemas e, se possível, evitar os excessos de algum virulento nacionalismo gastronómico.
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Que sociedade temos?

"A sociedade não é nossa, o país não é nosso, as coisas não são nossas, é simplesmente usa e deita fora. E não são só as populações em geral que fazem isso, mesmo pessoas com grande história, considerados heróis nacionais fazem coisas desse género. Nós vivemos de delapidação das florestas, etc., dos recursos naturais, esta luta por arrancar a terra, a água e os recursos do subsolo, etc., sem perspectiva de país.” - num programa do jornalista Boaventura Mandlate da Rádio Moçambique, o economista Castel-Branco fala da sociedade que temos, 20 anos após o início da reforma económica. A conferir no portal da Rádio Moçambique, aqui.