Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
30 abril 2007
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (8) (ou os cinco mosqueteiros) (continua)
A propósito do 1º de Maio amanhã
29 abril 2007
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (7) (e comunidades e fiscais de Cabo Delgado vendem a pátria na lógica de Lázaro Mabunda) (continua)
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (6) (e Joaquim Madeira abrangido pela cruzada de Mabunda contra o desmatamento do patriotismo) (continua)
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (5) (e os vendedores da pátria em troca de dólares ou de euros na lógica de Lázaro Mabunda) (continua)
28 abril 2007
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (4) (e as mudanças de humor de Jorge Rungo no quadro da classificação de Lázaro Mabunda) (continua)
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (3) (Lázaro Mabunda) (continua)
Programa: reduzir oposição à insignificância
“Vamos fazer tudo que for necessário de modo a que a Frelimo não saia nunca do poder e que continue a servir melhor. Podem ser criados milhares de partidos e eles todos concorrerem em todas eleições, a Frelimo sempre continuará a mandar neste país. Aliás, queremos que daqui a algum tempo nem sequer no Parlamento entrem, ou seja, no futuro todos assentos devem ser ocupados pelos nossos deputados. Não sou a favor da extinção da oposição, mas ela deve continuar insignificante.”
Chamo a atenção para dois fenómenos para mim fundamentais: 1) O título do "Notícias" é o seguinte, sem aspas e sem remeter para Matsinhe: "Oposição deve ser reduzida a nada"; 2) O ex-ministro da Segurança tem estado a intervir na Academia de Ciências Policiais.
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Deverei voltar ao tema.
27 abril 2007
Tudo vale: vender livro escolar ou motorizadas
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (2) (Macatai Mathendja) (continua)
Sobre a preguiça moçambicana
Os caçadores locais das feiticeiras de Salém (1)
26 abril 2007
Prémio Crítica Social para três blogues
De salários rotos e despidos de futuro para o 1.º de Maio
Segundo Matsinhe, citado pelo "Notícias" de hoje, "o actual salário mínimo somente chega para cobrir metade das despesas básicas de uma família média, sem abranger os gastos com a Educação, Saúde e transportes."
Espera Matsinhe, como todos anos muitos esperam, que o problema possa ser resolvido na Comissão Consultiva de Trabalho, cujos trabalhos terão começado hoje.
Veremos, então, que após longas e laboriosa negociações, chegar-se-á a um acordo, com a fixação de um salário sempre mínimo, salário que, mal começar a ser pago, já terá sido ultrapassado pela subida em flecha dos preços de produtos de primeira necessidade.
Claro que o Capital apresentará razões que dirá serem decisivas para aumentar sem aumentar o salário mínimo.
E claro que o Estado, o maior empregador do país, tudo fará para que o salário mínimo seja mininamente aumentado sem que isso lhe traga grande transtornos.
O Estado não mais estará do lado dos trabalhadores. Do lado do Capital, sim, cada vez mais num mundo no qual o Capital exige um Estado cada vez mais mínimo e no qual os sindicatos perdem terreno muito rapidamente.
Lá por terras do Hotel Fairmont, na São Francisco americana, os capitalistas decidiram uma coisa nos anos 90: neste século ainda chegaremos a um ponto em que bastarão dois décimos da população activa para manter em actividade a economia mundial. O resto será dispensado. Como disse um deles, em fórmula bem à Hobbes, no futuro a questão será "to have lunch ou be lunch"*.
Enquanto isso, o "Notícias" de hoje avança com a seguinte informação a propósito dos festejos do 1.º de Maio na Praça da Independência: "Segundo apurámos, para efeito será instalado no local um grande hidráulico, vindo dos Estados Unidos, que alberga cerca de 80 toneladas de equipamento de som e luz e está equipada com uma tecnologia de ponta que permite a sua automontagem."
Se o objectivo for circense, no dia em que os trabalhadores desfilarem, uma vez mais, perante quem não lhes dará o salário mínimo mas que lhes encherá as cachimónias com veementes pregões de combate contra a pobreza absoluta, não tenho qualquer dúvida de que o espírito de Fairmont viajará dentro do hidráulico para dizer aos nossos trabalhadores - de salários rotos, despidos de futuro - as duas coisas que, diariamente, escutamos pela voz do povo nos sítios do povo: "não há crise" porque "não vale a pena".
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*Martin, Hans-Peter et Schumann Harald, Le piège de la mondialisation. Paris: SOLIN, 1997, pp. 12-13.
Sete milhões
Riscos para a liberdade de imprensa em Moçambique
25 abril 2007
Morrer de fome
Feizal Sidat
Afonso Dhlakama
I - Posição do estudante
As posições de Dhlakama não são nem boas nem más, não são nem justas nem injustas: são apenas posições políticas. As posições políticas são eficientes ou deficientes. Mais nada do que isso. O presidente da Renamo joga com aquelas que acha serem eficientes. Acusam-no de ser um rio tumultuoso. Mas ele riposta, bem à Brecht, argumentando que as margens que o comprimem é que são responsáveis. Disse Weber que o Estado é o proprietário dos meios de violência legítima? Pois ele, Dhlakama, general de quatro estrelas, defende que tem o legítimo direito de também ser proprietário. Por quê? Porque não há em Moçambique um Estado neutro. O Estado que existe é o da Frelimo. E os polícias são da Frelimo. Por isso não irá nunca à Procuradoria da República. O procurador Madeira é bom homem, mas é a Frelimo quem nele manda. E, depois, há ainda, pairando forte, o espírito do acordo geral de paz de 1992. Ora, o velho Hobbes disse um dia que sem a espada os acordos não passam de palavras. Por isso Dhlakama anda de espada desembainhada na proximidade das eleições. E ter a espada desembainhada é um estratégia que obriga o adversário a ser comedido a vários níveis, em particular no que aos locais de votação concerne.
II - Posição do cidadão
O cidadão que há em mim interroga-se, de forma muito severamente moral, sobre a postura cívica do presidente da Renamo, um presidente de partido que almeja desde 1994 ser o presidente da República. O cidadão de mim interroga-se bem no coração do senso comum, esse órgão mental, como dizia Hannah Arendt, que nos faz perceber, compreender e reagir perante a realidade e os factos. E por isso como cidadão serei, aqui, muito piegas. Então, que presidente pode Dhlakama ser com semelhante linguagem castrense, após tantos anos de guerra, metendo Aks-47 em permanência nas palavras perante o seu povo? Que gestão civil coerente poderá algum dia assegurar com o permanente recurso à ameaça? As ameaças e a violência não geram legitimidade, mas medo. Medo e resistência. Medo, resistência e cansaço. Os resultados das últimas eleições, ainda que eu tome em conta as irregularidades havidas, podem denunciar, já, um cansaço popular com a falta de originalidade renamiana. E com a sistemático recurso ao papel de vítima. E que ser é Dhlakama para se furtar à lei? Mais: se um dia for presidente, estará disposto a aceitar a tese frelimiana de que a polícia é da Renamo? Finalmente: suspeito que de cada vez que Dhlakama dispara a sua AK-47 verbal as embaixadas ganham úlceras gástricas.
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Pode acontecer que, como é meu hábito, artesanal hábito, aqui volte para corrigir ou mudar algo.
Os jovens patrulhadores do Chamanculo B
A pedagogia do ou-vai-ou-racha
"Nunca me preocupo com o futuro. Muito em breve ele virá" (Albert Einstein)
As turmas estão apinhadas, com 100 estudantes? Não há problemas. Não há carteiras? Não há problemas. Não há material didáctico? Não há problemas. Os professores estão mal preparados? Não há problemas. E no fim do ano? Passamos.
A directora da Escola Secundária Josina Machel na cidade de Maputo, Laurina Titoce, sabe o que diz: “ter 100 alunos por turma não tira a qualidade das aulas”. E como se consegue isso? Resposta: “Desde que o professor entenda a situação actual do país e tenha vontade de trabalhar”. E depois? Resposta: “Nas nossas turmas com 90 a 100 alunos, no final do ano temos um saldo positivo.”
Grândola, vila morena
Foi com esta bela canção do falecido trovador José Afonso (Zeca Afonso, como lhe chamávamos, professor no ex-Liceu Pero de Anaia na Beira)lançou o sinal da "revolução dos cravos" em Portugal, a 25 de Abril de 1974 (colocado por "Portugalmusic" no "youtube")
25 de Abril de 1974
Linchamentos no Brasil: um trabalho de Jacqueline Sinhoretto
24 abril 2007
"Diário de um sociólogo" na Wikipedia
Abril: dez anos de bloguismo
1970, era colonial, a marrabenta do amor
Oiçam este documento histórico adicionado ontem ao "youtube" por "vmrcardoso".