"A chefe do posto administrativo de Covo, distrito de Nacala-a-Velha, na província de Nampula, Ana Sabonete, queixou-se ao governador Felismino Tocoli, de ser constantemente ameaçada de morte, por exploradores ilegais de madeira daquele ponto do país sob a sua jurisdição administrativa." Vou tentar periodizar esta já longa história da teoria do complô, da tenebrosa mão estrangeira surgida desde que se começou, de forma mais profunda, especialmente este ano, a mostrar o saque das nossas florestas, sem esquecer que faz anos que a nossa imprensa dele dá conta.
E, fazendo-o, terei prazenteiramente em conta
os mosqueteiros de Alexandre Dumas. O nosso país tem mais do que três, melhor dito quatro (d´Artagnan também conta, claro) mosqueteiros em sua cruzada pelo rei contra o desmatamento do patriotismo e contra o
complô, contra a tenebrosa
mão estrangeira.
Aqui e hoje, apenas irei considerar cinco, a saber:
1
Depois da minha carta ao presidente da República a 30 de Janeiro deste ano, solicitando a nomeação de uma comissão de inquérito para analisar o que chamei
saque das nossas florestas e dois dias depois da divulgação de uma
carta aberta de Marcelo Mosse ao presidente da China (07/02/07), Rogério Sitoe do "Notícias" escreveu no dia 9 de Fevereiro uma crónica com o título "Conjecturas: Madeira, chineses e cooperação". O toque da mão estrangeira foi logo dado no primeiro parágrafo: "Não é nenhum exercício intelectual extraordinário excluir, à partida, a hipótese de simples coincidência. É uma ilação óbvia afirmar que, em torno de toda esta enérgica reivindicação, está no seu epicentro a presença de Hu Jintao em Moçambique, e certamente todo o seu périplo pela África. É uma forma directa de enviar uma mensagem de descontentamento a Hu Jintao sobre o que está a acontecer às floretas moçambicanas." Mas Sitoe teve a sensatez de escrever também o seguinte: "À semelhança da maioria das pessoas, preocupa-me, também, a exploração desenfreada de madeira e de forma insustentável, portanto, sem cumprimento de regras tal como está a ocorrer nas nossas florestas. Acrescento: seja ela praticada e
estimulada por alemães, japoneses, ou por chineses e moçambicanos."
2
A 14 de Fevereiro veio a terreiro Adelino Buque, em artigo de opinião publicado no "Notícias" de 14 de Fevereiro. Contundente, conselheiro, apaziguador, Adelino Buque pediu ao presidente da República que ficasse calmo e continuasse "com a sua carregada agenda de combate à pobreza", pois a carta que lhe escreveram (a
minha, claro) "não passa de um falso texto com cheiro a xenofonia". Fazendo uso de dados oficiais sobre o bem-estar florestal do país, Buque afirmou que tudo foi preparado de forma a "abalar as autoridades locais na cooperação" com a China e a propósito da visita do presidente chinês a Moçambique. A campanha anti-chinesa "usou" (sic) "pessoas com créditos firmados na praça em termos de análise dos assuntos da sociedade, pessoas do mundo da academia e também instituições de cooperação". Porque o plano exigia presteza "e o exercício tinha de ser feito muito rapidamente, não se deram tempo para análises muito mais cuidadas e desprezaram detalhes que definitivamente põem em causa as suas teorias sobre o perigo de desertificação." O Sr. Buque escreveu ainda que importava "pôr ordem na casa", impedir que se ponha "a sociedade de costas viradas contra o seu Governo" e "reequacionar o papel de algumas organizações que actuam em Moçambique". Finalmente, Buque recordou que, quando era criança, se falava do "perigo de chineses porque estes comiam pessoas, de preferência crianças, e as pessoas eram educadas pelo sistema colonial a
olhar para os chineses com desconfiança".
3
A 25 de Fevereiro, na sua habitual e longa crónica semanal no semanário "Domingo" (na imagem), surgiu Sérgio Vieira a terrreiro terçar armas contra a etnicização das coisas, contra a corrosiva visão anti-chinesa que lhe parecia existir em Moçambique. Face a numerosos casos de saque relatados pela nossa imprensa (recorde-se o trabalho de 21 de Janeiro de
Jorge Rungo, por exemplo, nesta série), Vieira achou por bem esgrimir o risco de estarmos a criar o "perigo amarelo". Zeloso, Vieira deixou na penumbra o saque real das nossas florestas. Não há saque algum, que se exporte a madeira. Para quê - agora a ideia que se segue é minha - existir na nossa bela pátria a preversa rabugice de um Samuel Huntington com o seu "choque de civilizações" e o seu ruidoso alerta contra o Islão e a China
*? Nem pensar em termos Huntingtons aqui!
4
Um pequeno interregno e eis que em Abril foi a vez de Gabriel Muthisse. Numa enorme crónica a quatro colunas no "Meianoite" (03-09/04/2007, p. 22), escreveu o seguinte: " A maior preocupação em relação às florestas parece estar ligada a um presumível saque da nossa madeira por parte dos industriais chineses. Uma campanha contra esse saque foi lançada, tendo coincidido com a visita do Presidente da República Popular da China a Moçambique". Ora - sustentou Muthisse - não é verdadeira a história do saque no nível onde os conspiradores o pretendem, maldosamente, situar: exploração madeireira. Por quê? Porque é preciso saber onde está o eixo do saque. Ora, os maiores destruidores e saqueadores das nossas florestas têm dois nomes gloriosamente simples:
os camponeses e o "Homem" (sic) (também o "homem de Maputo", sic).
5
Finalmente, veio à ribalta Lázaro Mabunda, o quinto mosqueteiro, com a sua classificação final e a sua severa teoria dos vendedores da pátria:
"(...) a aludida desmatação das florestas no país não passa de um falso alarme, senão um barulho financiado por interessados em negócios de madeira, mas que não encontram a “rede” para navegar. É bom que se diga isto: este é um conflito União Europeia vs China, ambos interessados nas nossas florestas. Nós apenas servimos, isso sim, de caixa de ressonância para desencadearmos um barulho sobre o que não existe. Somos usados pelos que têm dinheiro. Ou seja, vendemos a nossa pátria
em troca de migalhas de dólares ou de euros."
Pobre chefe do posto administrativo de Covo, lá em Nacala-a-Velha, província de Nampula, pobre Ana Sabonete que, ignorando que tudo era e é um "falso alarme", um "barulho", se queixou ao governador de Nampula de ser ameaçada de morte por exploradores ilegais de madeira!
______________________________
*Huntington, Samuel P., Le choc des civilisations. Paris: Éditions Odile Jacob, 1997.
As AMAZÓNIAS repetem-se em TODO o mundo !
ResponderEliminarLamentavelmente ...
Li atentamente. Desconhecia a profundidade e gravidade do problema. Do saque. Do desespero !
Abraço
Obrigada
Pelo menos no que se me refere aconteceu o que eu temia: uma caricatura das ideias que expressei. Neste resumo do Professor Serra sou apresentado como quem culpa as populações do "saque" das florestas. O que eu pretendi dizer foi que, enquanto as pessoas precisassem de lenha e carvão vegetal para cozinhar (nas proporções monstruosas com que este material é procurado em Maputo e em outras cidades) a exploração destes combustíveis era a principal fonte de desmatação em Moçambique. E que a desmatação ocorria também em decorrência do tipo de agricultura que se fazia no nosso país (país sem recursos para massificar o uso de adubos químicos por exemplo). Neste país, as populações têm, em cada ano, que desbravar novas extensões florestais, isto porque as herdades que antes cultivavam deixaram de ser produtivas (a terra ficou cansada de um uso intensivo, o que poderia ser minimizado com o uso de fertilizantes).
ResponderEliminarAfirmei também, no artigo em causa, que as pessoas não deixariam de construir suas habitações apenas por causa de preocupações ambientais. Em 1975 Maputo tinha menos de 500.000 habitantes. Hoje tem cerca de 2.000.000 habitantes. Com tal carga humana era inevitável que alguns mangais, alguns pastos, algumas florestas (como Minchafutene, por exemplo) sofressem ambientalmente. As pessoas não iam ficar ao relento sob a justificação de que os bichos devem ser protegidos. Estes 2.000.000 de habitantes vão precisar de água para beber, o que pressupõe a construção de barragens. São estas preocupações legítimas das pessoas que eu não encontrei reflectidas nas exigências dos ambientalistas moçambicanos. Veja um dos textos que o Professor escreveu a propósito dos buracos da marginal. Da leitura desse texto fica-se com a sensação que a barragem dos Pequenos Libombos não deveria ter sido construída e que os pántanos da Costa do Sol não deveriam ter sido mexidos.
A protecção da natureza depende da satisfação das necessidades de comodidade do homem. Os moluscos não serão protegidos à custa de as pessoas dormirem ao relento, viverem na miséria, comerem alimentos crus e passarem frio. Quem for contrário a esta lógica que dê o exemplo.
Como se vê, eu não apresentei as populações como saqueadores irresponsáveis das florestas. Se isso acontece é em decorrência das necessidades inadiáveis de sobrevivência.
Sobre os Chineses. Das pessoas que o Professor alista aqui, nenhuma delas faz parte do meu círculo de convivência. Portanto, não conversei com elas antes de escrever o meu texto. Porquê então o Professor acha que todos nós metemos os chineses nos nossos artigos? No meu caso foram duas ou três razões: (i) o uso de fotografias com chineses a escoltarem camiões de madeira - em minha opinião isto se destinava a avivar um clima xenófobo, um clima de suspeição em relação aos chineses, (ii) o timing - a fase mais exaltada da campanha coincidiu com a visita do Presidente Chinês a Moçambique e (iii) a concertação - o Presidente Chinês encontrou manifestações semelhantes em alguns países por onde passou. Por exemplo, na Zâmbia.
Um abraço. Gabriel Muthisse
Associações de ideias não são a realidade, meu caro Gabriel. Acresce que eu já tentei mostrar como a extrapolação dedutiva se efectua em casos como este. Deixe-me recordar-lhe o que escreveu: "A maior preocupação em relação às florestas parece estar ligada a um presumível saque da nossa madeira por parte dos industriais chineses. Uma campanha contra esse saque foi lançada, tendo coincidido com a visita do Presidente da República Popular da China a Moçambique". Repare bem como o Gabriel encaixou fenómenos, ideias e conclusões implícitas.Por outro lado, longe de mim a ideia de o apresentar como falando com os outros aqui mencionados. O que tentei foi mostrar a lógica de pensamento que preside ao conjunto dos textos. Queiramos ou não, o saque existe, seja qual for a origem dos saqueadores. E esse saque tem sido noticiado bem mais pelos jornalistas do que pelos ambientalistas, cuja origem é muito recente, como sabe. Mas estudo, ainda, as causas da recusa primária que existe em vários de nós para admitir isso. Sabe, tenho para mim que o fenómeno de recusa é simbolicamente tão importante quanto o saque. Finalmente, o que procurei mostrar não significa ignorar os problemas de desmatamento que aponta. Mas também talvez seja necessário sabermos quantos metros cúbicos de madeira são diariamente necessários para alimentar certas indústrias. Já se interrogou sobre isso em relação às açucareiras? Abraço.
ResponderEliminarN.B.- Acha que alguém hoje vai averiguar os danos eventualmente causados pela barragem dos Pequenos Libombos? E acha que não nos devemos interrogar sobre os danos causados por barragens quando por todo o mundo eles são estudados?
Os danos ambientais devem ser estudados, averiguados, no sentido da sua minimização. O alerta que tento fazer é no sentido de um equilíbrio entre a protecção ambiental e as necessidades de comodidade, de uma vida digna, das pessoas. Ou seja, o desenvolvimento do nosso país não pode ficar refém de preocupações ambientalistas que não tomam em conta as necessidades primárias dos africanos.
ResponderEliminarAs preocupaçÕes ambientais não devem paralizar-nos na senda da procura de soluções para os nossos problemas, por exemplo de cheias, de secas.
Há alguns anos atrás, os países ocidentais não queriam ouvir falar de barragens em África. Recusavam qualquer crédito que se destinasse à construção de barragens. Sob a alegação de que danificam o ambiente. Podíamos morrer à fome por causa das secas cíclicas ou engolidos por águas furiosas em caso de cheias. Conquanto o ambiente (bichos e plantas) estivessem protegidos, estava tudo bem!
Mesmo agora, se começam a ceder é porque sabem que os nossos países já têm alternativas para construi-las apesar deles. As barragens seriam, de toda a forma, construídas com a ajuda dos vilipendiados chineses e indianos. Creio que é por isso que os países ocidentais são menos fundamentalistas hoje nesta matéria.
Um abraço. Gabriel Muthisse
gabriel! quais sao as necessidades africanas? que desenvolvimento e esse que nao e refem da gestao sustentavel do ambiente? existe diferencas entre comodidade e vida digna.
ResponderEliminaras vozes mocambicanas, incluindo a minha, que opoe-se a forma desorganizada como e explorada a nossa floresta, nao esta a negar o papel da industria florestal no desenvolvimento de mocambique. so nao acredito numa industria que esta para produzir comodidade e nao vida digna. e isso nao e de hoje, os mocambicanosrasto sempre protestaram contra a distruicao de corais, dunas, caca ilegal, poluicao de rios, a tecnica de arasto no nosso mar, etc.
e gabriel o crescimento e a expansao de maputo nao e a causa principal que provocou o desmatamento nos arredores de maputo, foi a nossa incapacidade de gerir a urbanizacao de maputo, e isso nao e coisa so do povo que usa carvao e lenha, foi tambem dos "capaitalistas" que distruiram mangais e as nossa famosas "barreiras" de maputo para construirem suas mansoes.
entao e preciso questionar as nossas proprias verdades, da ideia que temos da comodidade. so questionando as nossas proprias verdades garante uma vida digna.
Vamos lá então prosseguir o diálogo. Custa-me muito aceitar que o Gabiel me queira convencer (e a outros, certamente)que podemos ter uma vida melhor se dispensarmos qualquer precaução de ponta sobre os riscos da construção de barragens.Não acredito que essa vida possa surgir se ignorarmos os riscos, que são muitos, em todo o mundo. Está por acaso a par de tudo o que é precaução e prudência por parte da Comissão Mundial de Barragens? Está o Gabriel a par dos imensos danos, de futuro imenso, que sucederam no mundo em geral e em África em particular quando não se teve em conta a sustentabilidade ecológica das bacias hidrográficas? Sim, claro, podemos escolher a via mais fácil, tal como pôr os "vilipendiados" (o termo é seu) a fazer o que queremos sem termos que ouvir qualquer crítica antes e depois. E até pode acontecer que tenhamos quem defenda, como temos, que o nosso país pode ter água sem necessidade de barragens... Depois, Gabriel, o Matine tem razão: não foi o o "Homem" em geral que deu cabo de muita coisa na nossa Maputo, mas homens socialmente categorizáveis. Ver-se-ão ainda, por exemplo, as consequências futuras da construção "sauvage" de residências luxuosas um pouco por todo o lado, liquidando com zonas verdes e pondo em risco todo o equilíbrio ecológico já de si frágil da cidade (veremos se a baía ainda existirá dentro de 20 anos, por exemplo). E, depois ainda, teríamos de avaliar a metragem cúbica de madeira gasta diariamente para que funcionem certas indústrias. Talvez nos assustássemos, sabe? Enfim, um montes de coisas a ter em conta. Abraço.
ResponderEliminarNão percebo o problema que colocam. É das residências de luxo ou é das construções desordenadas, a maioria das quais são bem modestas. Reparem que a maioria das habitações edificadas entre Triunfo e Chihango não são de luxo.
ResponderEliminarO que entendem por periferia de Maputo? Fazem ideia de onde é extraído o carvão e a lenha que abastecem Maputo? Neste momento, entre outros lugares, está a ser extraído em Massingir, com graves danos para o ambiente naquela zona.
Os efeitos ambientais de uma cidade como Maputo não se esgotam nas barreiras ou no eucaliptal da baixa. A cidade de Maputo está hoje ligada a Marracuene. E muitas das áreas onde as casas foram construídas eram de uma biodiversidade riquíssima. Há 10/15 anos atrás Mahubo era mato. Os ambientaliastas poderiam ter sido tentados a proteger aquela zona. Hoje é uma área intensamente humanizada, tanto para habitação, como para agricultura. Continua a ser Maputo se espraiando, porque esta cidade não pode ficar confinada ao perímetro colonial. E era bom que toda esta expansão tomasse a forma de casas de luxo que, ao que me parece, vos desagradam muito.
Sobre as barragens. O que eu disse foi que não havia direito de que os moçambicanos morressem à fome devido a secas e cheias quando, em muitos casos, estes fenómenos podem ser controlados e minimizados com a construção de barragens. Considerei inaceitável a alegação de que, apesar das secas e cheias cíclicas, não se poderiam construir barragens porque eles danificam o ambiente. O que eu disse foi que era inaceitável que pessoas passassem fome, sede, frio e outras misérias devido a fundamentalismos ambientais. E mais disse que as preocupações ecológicas devem ser equilibradas com as necessidades do progresso humano. Posso, neste comentário, acrescentar que o Homem é o recurso ecológioco mais valioso. Ora, isto não se confunde com construção irresponsável de barragens.
Sou a favor da exploração florestal. Exploração para suprir as nossas necessidades de consumo interno da madeira (na construção civil, na indústria, para combustível vegetal). Exploração para responder às nossas necessidades de exportação, sabendo que somos um país dependente da exportação de produtos primários (era bom que pudéssemos processar as nossas matérias primas. Onde for possível devemos faze-lo). Para mim é indiferente se esta exportação se destina a China, Europa ou Índia. Sou favorável a que os camponeses moçambicanos façam a agricultura possível, nas actuais condições do seu desenvolvimento tecnológico. Estou consciente que, em certa medida, as práticas agrícolas do nosso povo são lesivas à preservação das florestas.
Finalmente. Não sinto qualquer incómodo ou dor de cotovelo quando moçambicanos constroem mansões. Se eu próprio tivesse dinheiro construia uma para mim. Fico contente quando alguém que eu conheço, com trabalho honesto e/ou com recurso ao banco, constroi uma casa “de luxo” no Belo Horizonte, na Polana Caniço, na Marginal ou na Triunfo. E faço voto de que mais moçambicanos possam faze-lo. Sou contrário a qualquer tentativa de folclorização do moçambicano, que toma forma em se tentar demonstrar que o bom moçambicano, o moçambicano auténtico, deve ser miserável.
Um abraço. Gabriel Muthisse
gabriel, estou bastante chocado com os seus argumentos. sao nocivos a um debate, nao vejo no seu argumento os instrumentos analiticos que o suportam. tu es economista e imagino um bom economista. insinuar que a minha critica a construcao desorganizada de "mansoes" é motivada pela dor de cotovelo, pela inveja, de que sou apologista da "folclorização do moçambicano", que para ti o folclore é mau. era so isso que me faltava. como se o folclore nao fosse cultura de povos modernos. nos amamos o folclore porque e a unica coisa que na luta pelo moderno nao ficou distruido. folclore mais do que uma categorizacao de classes, ele representa a riqueza da identidade, a nossa ligacao entre o passado e o futuro. é o regresso a identidade e nao ao nacionalismo barato que defendes.
ResponderEliminarno meu blog tem um post sobre fala sem consequencias e sua responsabilizacao, ali poderas entender o meu pensamento.
hoje sou fundamentalista, porque quero que o estado assuma a sua responsabilidade na gestao do meio ambiente e seus recursos? sou fundamentalista porque quero respostas do que se passa minha volta? sou fundamentalista porque noto que instituicoes do estado deixaram de pensar e exercer a sua vocacao de velar pela providencia de servicos adequados e de qualidade para os habitantes de maputo? sou "fundamentalista" porque descobri que a exportacao de madeira que "exportamos" vai para industrias de capitais sino-europeus e sino-americanos que operam no solo chines? sou fundamentalista porque descobri que a cama onde durmo é comprada na IKEA - empresa europeia -, fabricada na china, com madeira de mocambique? sou fundamentalista porque porque sei que existem energias alternativas para consumo urbano, desde paineis solares, moinhos de ventos, gas natural, electricidade? sou fundamentalista porque exijo das pessoas pagas para pensar e avaliar a disponibilidade de energia um resultado?
os disturbios respiratorios provocados pelo consumo de lenha nao afectam o gabriel, afinal o povo tem direito de se matar em nome da preguica pensar de alguns cientistas e dirigentes mocambicanos. ensinar aos mocambicanos como usar esterco de vaca, talos e cascas de vegetais para produzir energia nao, afinal isso so pensam os fundamentalistas. nao achas que a energia ENERGIA EÓLICA seria boa para abastecer e produzir energia nas nossas ilhas, a catembe, a ponto de ouro,marracuene, quirimbas,bazaruto,namaacha e empreendimentos turisticos ao longo da nossa costa? nao afinal sao ideias fundamentalistas. eu sou fundamentalista porque defendo a gestao sustentavel dos recursos ambientais atraves das ações voltadas ao combate ao desperdício - basta so ver a quantidade de agua disperdicada nos suburbios de maputo, com torneiras amaradas, e ligacoes engenheiramente mal feitas, a quantidade de lixo renovavel que enche os nossos mercados e ruas de maputo e arredores -.
e como economista que es gabriel deves saber que conservação de energia é um importante componente da política econômica. como tu dizes nos arredores de maputo, é uma area complementamente "humanizada" ja foste ver as condicoes sociais e higienicas onde vivem os "humanizados" lugares?
as pessoas que nao percebem que este caos de pensar esta a provocar problemas serios em maputo: o crime, a malaria, colera, a maneira como o paiol atingiu os habitantes de maputo, tambem resultam desta falta de gerir organizamento o espaco de maputo.
entao acho que o presidente Jakaya kikwete de Tanzania de ser um "fundamentalista" porque disse " China is killing everyone with is cheap exports. But we cant surrender" (Prospect 2007).