Há uma regra fundamental a ser observada pelos sociólogos: não confundir juízos de facto com juízos de valor[1].
Mas será sempre difícil ao sociólogo ter a frieza do astrónomo que tenta retestar digamos que a lei dos raios de Kepler[2]. Porque se é verdade que se consegue nas ciências naturais aquela distanciação emocional de que falou Norbert Elias, já o mesmo não acontece nas ciências sociais, onde o “objecto” do cientista é, exactamente, outro homem. É pouco provável que nos emocionemos com átomos, mas é improvável que o ser humano nos deixe indiferentes. Por outras palavras, há e haverá sempre em nós, intimamente colado ao “é”, um “deve ser”.
[1]Na realidade, uma parte significativa do que em ciências sociais passa por ciência é, frequentemente, um exercício normativo constante. Por outras palavras, tomamos o que é pelo que deve ser.
[2]A velocidade de um planeta é inversamente proporcional à sua distância do Sol.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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