Chamo efeito corvo à estrutura de raciocínio que consiste em partir da constatação de que, por exemplo, dois corvos da Inhaca são negros, para induzir que todos os corvos da Inhaca são negros. Uma preposição implícita contamina as preposições explícitas do enunciador. Vejamos a formalização:
1. Até aqui os corvos que contei na Inhaca são negros
2. [É muito natural que todos os corvos da Inhaca tenham a mesma cor]
3. Os corvos da Inhaca têm a mesma cor
4. Todos os corvos da Inhaca são negros
Portanto, com este tipo de indução não provamos nada: limitamo-nos a voltar ao que teria de ser provado. Trata-se de um pensamento circular que filia a «prova» na confiança acordada à premissa 2 (hipotética e não consciente), pensamento tão exemplarmente estudado por Simmel.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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