31 janeiro 2017

Mais-valia

Política e Capital não têm nem tribo nem raça. Política e Capital dão-se normalmente as mãos, não importa onde, quando estão em causa a única tribo e a única raça que, afinal, definitivamente, lhes interessa: a mais-valia.

Curandeiros e poder político

Chegar ao poder, chegar lá acima, manter esse poder, permanecer lá em cima, exige para certos oficiantes políticos a gestão criteriosa das forças do invisível, o beneplácito dos curandeiros, por forma a contornar a influência dos pares antecessores e a concorrência actual. Ser portador na ascensão de uma cesta de facilitadores mágicos; purificar gabinetes, blindá-los contra maus espíritos e tenebrosos ataques mágicos à distância; consultar regularmente o curandeiro para reforço das protecções globais, tudo isso são tarefas a nunca esquecer. Quanto mais precavido se é, mais poder se tem na gestão das forças do invisível - assim se crê. A este nível, o curandeiro é bem mais do que um gestor das crenças e das expectativas populares, é um elemento político fundamental nos corredores do poder.

Uma coluna semanal

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1203, de 27/01/2017, disponível na íntegra aqui.

30 janeiro 2017

A força de um boato

Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6)
Gestores de bombas de combustível na cidade de Maputo contaram hoje à "Rádio Moçambique" que devido a uma notícia que circulou no whatsapp anunciando haver ruptura de estoques e que o preço dos combustíveis iria subir, fez com que os automobilistas acorressem em massa às bombas esgotando rapidamente os estoques existentes. Entretanto, o fornecimento de gasolina e de gasóleo está normalizado desde hoje nas bombas servidas pela Petromoc, segundo afirmou um porta-voz da empresa. - "Rádio Moçambique", jornal da noite, 19:30.
Adenda às 19:52: o boato é regularmente abordado e analisado neste diário, confira, por exemplo, aquiaqui.

No "Savana" 1203 de 27/01/2017, p.19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser feito tal como grafei.
Nota: o presente fungula pertence à edição física n.º 1203 do semanário. Logo que possível disponibilizarei a versão digital dessa edição.

Um relatório

Um relatório a conferir neste endereço aqui. Depois complete o informe com a leitura deste texto aqui.

29 janeiro 2017

Saiba sobre Moçambique

Saiba sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon, com data de hoje, aqui.

Rumor

Hoje, nestes tempos vertiginosos, o rumor ou o boato é em grande medida um produto das redes sociais digitais.
Adenda às 05:49: quanto mais difíceis os tempos, mais crédulas as pessoas.
Adenda 2 às 06:51: confira um exemplo aqui.
Adenda 3 às 17:36: leia igualmente aqui.

Estiagem de espírito

Tomando como exemplo os blogues, há gente que apenas pensa quando pensada pelo que copia, rouba ou plagia: notícias, fontes, ideias, fórmulas, técnicas, maneiras de escrever, de citar, de organizar textos, imagens, etc. O mais criativo dos parasitas não sabe fazer mais nada senão copiar e colar. A estiagem de espírito é bem mais incurável do que pensamos.

28 janeiro 2017

Falsificação

Segundo um porta-voz das Alfândegas, foram apreendidos na cidade da Beira milhares de escovas de dentes e de pensos higiénicos falsificados oriundos da China. Aqui.
Adenda às 09:15: confira aqui e aqui.

O que é pós-colonialismo?

"O que é pós-colonialismo?" - eis o título de mais um futuro livro da coleção Cadernos de Ciências Sociais da Escolar Editora, com co-autoria [da esquerda para a direita na foto abaixo] de Estevão Fernandes, Adélia Miglievich e Leno Danner do Brasil e Cláudia Zapata do Chile. A presença da chilena Cláudia eleva para 15 o número da nacionalidades do fórum autoral da coleção.

Verborreicos

Certos verborreicos analistas da terra não conhecem hipóteses e humildade, apenas conhecem certezas e vaidade.

Pedido de compreensão

Por razões alheias à minha vontade, não me é possível apresentar hoje o "À hora do fecho" do semanário "Savana", como é habitual ao sábado. Espero fazê-lo logo que possível.

27 janeiro 2017

Negócios em Moçambique

Em epígrafe os cabeçalhos das três mais recentes notícias do mundo dos negócios em Moçambique segundo o Africa Intelligence, a conferir aqui. [amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato]

Maputo

Tudo está em processo, em permanente construção e reconstrução na mobilidade urbana de Maputo, em todas as suas ramificações capilares e andróginas. Não se está já na tradição, mas não se chegou ainda à plenitude da modernidade. O está-se a ser, o entre-dois, são a regra. Constrói-se desconstruindo, inventa-se tradicionalizando, destrói-se mantendo, vai-se regressando, caminha-se para atrás porque se vai para a frente.

Fraqueza do colonizado

Não foi a força do colonizador que fez a fraqueza do colonizado, foi a fraqueza deste que fez a força daquele.

26 janeiro 2017

Água da chuva

Muitas pessoas queixam-se da falta de água da rede, mas poucas são as que estão dispostas a usar bidões e baldes para recolher a água da chuva que há várias horas cai na cidade de Maputo. Solução pequena e conjuntural, mas que ajuda.

Sistema de referências

Uma grande parte dos problemas de conflito social nasce quando em lugar de procurarmos conhecer o sistema de referências de outrem, simplesmente submetemos esse outrem ao nosso sistema de referências.

Intolerância

À força de se temer o diverso e de o produzir como símbolo e acto, atinge-se a intolerância mesmo quando se faz a apologia multicultural.

Corrupção

Despacho da "Agência de Informação de Moçambique": "Moçambique registou uma queda significativa no índice da Transparência Internacional (TI) sobre corrupção 2016, tendo caído 32 lugares em relação à posição que ocupava no ano transacto." Aqui.

25 janeiro 2017

Temperatura

Escondendo-os

Todo um mundo de intermediários, de sinais e de ritos expõe, escondendo-os, os gestores do poder político: chefes de gabinete, secretárias, agentes de segurança, portas, avisos, interditos, tabiques, linhas telefónicas especiais.

Diferença

O nosso apelo ao Mesmo, ao Uniforme, leva-nos geralmente a recusar o que surge como Diferença, como Descaminho nos roteiros das nossas vidas e dos processos sociais.

24 janeiro 2017

Causalidade

No mundo de causalidade, diagnóstico e terapia a cargo dos milhares de curandeiros existentes no país, os problemas sociais são sempre considerados produto da bondade ou da malignidade dos espíritos ou da magia à distância de alguém perverso. No fundo estamos perante uma espécie de Polícia de Intervenção Rápida simbólica, sempre no terreno.

Segurança

Quanto maior for a amplitude das desigualdades sociais, maior será a gesta e a exibição estatal dos meios de segurança.

Águas subterrâneas

No "Notícias" digital: "O Governo  equaciona recorrer à águas subterrâneas para abastecer a área metropolitana de Maputo, caso os níveis de escoamento do rio Umbelúzi se mostrem definitivamente insuficientes para assegurar a provisão do recurso durante o ano." Aqui.

23 janeiro 2017

No "Savana" 1202 de 20/01/2017, p.19

Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato. Nota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser feito tal como grafei.

Em momentos de crise o discernimento não funciona

Uma frase do Papa Francisco inserida numa entrevista que deu ao "El País", a conferir aqui.

21 janeiro 2017

Instrumentos politicamente úteis

Os exercícios de atribuição de causas aos fenómenos são sempre fascinantes. Existem muitas instâncias para o seu estudo, por exemplo as páginas na internet de certas igrejas. A concepção sistemática de que os problemas sociais são provocados pelo diabo (ser ignóbil despojado da sua dimensão social e capaz de fazer não importa que mal) é um dos capítulos maiores da imputação, especialmente no que concerne a certas igrejas neopentecostais mais milagreiras. Associado está o castigo horrível do fogo no inferno. Assim temos instrumentos que são politicamente úteis e dispensam bastões e espingardas.

Uma coluna semanal

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1202, de 20/01/2017, disponível na íntegra aqui.

20 janeiro 2017

Gâmbia

As mais recentes notícias políticas sobre a Gâmbia, um pequeno país da África Ocidental, aqui.
Adenda às 6:20 de 21/01/2017: actualização aqui.